A escatologia apocalíptica anuncia o apocalipse (palavra grega que significa “revelação”) da intervenção divina iminente e cataclísmica, para restaurar a paz e a justiça de um mundo desordenado. Se depois disso existirá o paraíso na terra ou a terra no paraíso, não fica muito claro, mas eles, os maus, desaparecerão para sempre e nós, os abençoados, estaremos no comando sob as ordens de Deus. Exemplos da promessa reveladora divina da escatologia apocalíptica são, no mundo antigo, João, de Patmos, na Grécia, e no mundo moderno, David Koresh, de Waco, no Texas.
A escatologia sapiencial, por outro lado, enfatiza a sapiência (palavra latina que significa “sabedoria”) de como se deve viver hoje, aqui e agora, de forma que o poder presente de Deus seja convenientemente óbvio para todos. Exemplos do desafio de um estilo de vida radical da escatologia sapiencial são, no mundo antigo, Diógenes, na Grécia, vivendo em seu barril, e no mundo moderno, Gandhi, na Índia, vivendo uma vida de não-violência.
A escatologia apocalíptica é a negação do mundo pela ênfase na iminente intervenção divina: nós esperamos pelos atos de Deus; a escatologia sapiencial é a negação do mundo pela ênfase na imitação divina imediata: Deus espera pelos nossos atos. A primeira é a mensagem de João Batista; a última, a de Jesus.
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Trecho de "O Essencial de Jesus" (John Dominic Crossan - São Paulo: Jardim dos Livros, 2008)
John Dominic Crossan é professor de estudos bíblicos da DePaul University, em Chicago. Ele é autor de muitos best sellers, incluindo Jesus Histórico, Jesus: uma Biografia Revolucionária e The Cross that Spoke, vencedor do American Academy of Religion Award for Excelence.
Comentários
fenomenal!
Simples, porém auto explicativo!
Os estudiosos de escatologia já contam com uma nova ferramenta, é o projeto Sinais do Tempo Presente ( http://www.sinaisdotempo.com.br ) que faz o acompanhamento dos sinais com potencial apocalíptico em tempo real.