Por Alan Capriles
Como foi que Maria, mãe de Jesus, escapou de ser apedrejada quando apareceu grávida antes do casamento? Sabemos que José foi informado pelo anjo Gabriel acerca do que estava acontecendo, mas e quanto ao restante do povo? Eles acreditariam nessa história de ser concebida pelo Espírito Santo? Certamente que não, muito menos os escribas e fariseus. E, segundo a lei de Moisés, mulheres que perdessem a virgindade antes do casamento deveriam ser apedrejadas até a morte [1]. Então, por que com Maria foi diferente?
A explicação pode ser encontrada no Proto-evangelho de Tiago, um livro apócrifo, que por pouco não fez parte do Novo Testamento. Alguns dos chamados Pais da Igreja, como Orígenes e Clemente de Alexandria, fizeram freqüente menção a este livro, o que lhe favorece a credibilidade. Apesar de sua autoria ser atribuída ao apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, alguns duvidam, pois o autor denota não conhecer bem a religião judaica.
No entanto, acredita-se que o Livro de Tiago, como era simplesmente conhecido, foi escrito antes mesmo dos evangelhos canônicos. Os estudiosos do assunto vão ainda mais além, afirmando que este apócrifo serviu até de base para os canônicos. O fato é que se trata do texto mais antigo sobre os eventos anteriores ao nascimento de Jesus, incluindo-se a natividade de Maria. Para se ter uma idéia, Guillaume Postel, humanista francês, considerava-o um prólogo do Evangelho de Mateus. Portanto, se houvesse sido incluso entre os canônicos, o Proto-Evangelho de Tiago seria o livro de abertura do Novo Testamento.
Segue-se um trecho muito interessante deste livro, que nos explica como Maria teria conseguido escapar do apedrejamento. A meu ver, uma explicação bastante coerente.
[1] Assim ordenava a Lei de Moisés: “Porém, se isto for verdade, que não se achou na moça a virgindade, então, a levarão à porta da casa de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” (Deuteronômio 22:20-21)
[2] Confira em sua Bíblia este procedimento, chamado de “Prova da mulher suspeita de adultério”. Deve-se ler todo o contexto (Nm 5:11-31). Segue-se apenas a parte principal:
“E, havendo-lhe dado a beber a água, será que, se ela se tiver contaminado, e a seu marido tenha sido infiel, a água amaldiçoante3 entrará nela para amargura, e o seu ventre se inchará, e a sua cocha descairá; a mulher será por maldição no meio de seu povo. Se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então, será livre e conceberá.” (vv.27-28)
Como foi que Maria, mãe de Jesus, escapou de ser apedrejada quando apareceu grávida antes do casamento? Sabemos que José foi informado pelo anjo Gabriel acerca do que estava acontecendo, mas e quanto ao restante do povo? Eles acreditariam nessa história de ser concebida pelo Espírito Santo? Certamente que não, muito menos os escribas e fariseus. E, segundo a lei de Moisés, mulheres que perdessem a virgindade antes do casamento deveriam ser apedrejadas até a morte [1]. Então, por que com Maria foi diferente?
A explicação pode ser encontrada no Proto-evangelho de Tiago, um livro apócrifo, que por pouco não fez parte do Novo Testamento. Alguns dos chamados Pais da Igreja, como Orígenes e Clemente de Alexandria, fizeram freqüente menção a este livro, o que lhe favorece a credibilidade. Apesar de sua autoria ser atribuída ao apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, alguns duvidam, pois o autor denota não conhecer bem a religião judaica.
No entanto, acredita-se que o Livro de Tiago, como era simplesmente conhecido, foi escrito antes mesmo dos evangelhos canônicos. Os estudiosos do assunto vão ainda mais além, afirmando que este apócrifo serviu até de base para os canônicos. O fato é que se trata do texto mais antigo sobre os eventos anteriores ao nascimento de Jesus, incluindo-se a natividade de Maria. Para se ter uma idéia, Guillaume Postel, humanista francês, considerava-o um prólogo do Evangelho de Mateus. Portanto, se houvesse sido incluso entre os canônicos, o Proto-Evangelho de Tiago seria o livro de abertura do Novo Testamento.
Segue-se um trecho muito interessante deste livro, que nos explica como Maria teria conseguido escapar do apedrejamento. A meu ver, uma explicação bastante coerente.
Anás, o escriba, deu-se conta da gravidez de Maria. Então, correu ao sacerdote dizendo-lhe: “Este José, por quem respondes, cometeu uma falta grave.” “Que queres dizer com isso?”, perguntou o sacerdote. Ao que respondeu Anás: “Pois violou aquela virgem que recebeu do templo de Deus, com fraude de seu casamento e sem manifestá-lo ao povo de Israel.” Disse o sacerdote: “E estás certo de que foi José que fez tal coisa?” Replicou Anás: “Envia uma comissão e te certificarás de que a donzela está realmente grávida”.
Saíram os emissários e a encontraram tal qual havia dito Anás, e por isso a levaram juntamente com José ante o tribunal.
E o sacerdote iniciou dizendo: “Maria, como fizeste tal coisa? Que te levou a vilipendiar tua alma e esquecer-te do Senhor teu Deus? Tu que te criaste no santo dos santos, que recebias alimento das mãos de um anjo, que escutastes os hinos e que dançavas na presença de Deus? Como fizestes isso?” E ela se pôs a chorar amargamente dizendo: “Juro pelo Senhor meu Deus que estou pura em sua presença e que não conheci varão.”
Então, o sacerdote dirigiu-se a José dizendo-lhe: “Porque fizestes isso?” Replicou José: “Juro, pelo Senhor meu Deus, que me encontro puro com relação a ela.” Acrescentou o sacerdote: “Não jures em falso, dize a verdade. Usaste fraudulentamente o matrimônio e não o deste a conhecer ao povo de Israel, e não abaixaste tua cabeça sob a mão poderosa de Deus, por quem sua descendência havia sido bendita.” José guardou silêncio.
“Devolve, pois, continuou o sacerdote, a virgem que recebeste do templo do Senhor.” José ficou com os olhos marejados de lágrimas. Mas acrescentou o sacerdote: “Farei com que bebais da água da prova do Senhor e ela vos mostrará, diante de vossos próprios olhos, vossos pecados.” [2]
E, tomando da água, fez José bebê-la, enviando-o em seguida à montanha; mas voltou são e salvo. Fez o mesmo com Maria, também enviando-a à montanha; mas ela voltou sã e salva. E toda a cidade se encheu de admiração ao ver que não havia pecado neles.
E replicou o sacerdote: “Posto que o Senhor não declarou vosso pecado, tampouco irei condenar-vos”. Então despediu-os. E tomando Maria, José voltou para casa cheio de alegria e louvando ao Deus de Israel.
Proto-evangelho de Tiago, cap. XV e XVI______________________________________________
[1] Assim ordenava a Lei de Moisés: “Porém, se isto for verdade, que não se achou na moça a virgindade, então, a levarão à porta da casa de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” (Deuteronômio 22:20-21)
[2] Confira em sua Bíblia este procedimento, chamado de “Prova da mulher suspeita de adultério”. Deve-se ler todo o contexto (Nm 5:11-31). Segue-se apenas a parte principal:
“E, havendo-lhe dado a beber a água, será que, se ela se tiver contaminado, e a seu marido tenha sido infiel, a água amaldiçoante3 entrará nela para amargura, e o seu ventre se inchará, e a sua cocha descairá; a mulher será por maldição no meio de seu povo. Se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então, será livre e conceberá.” (vv.27-28)
Comentários
Com certeza, é uma boa possibilidade. Os canônicos não mencionam qualquer interpelação a algum dos dois, mas é evidente que se pode imaginar que ela tenha havido, afinal, o sistema judaico estava em vigência e ambos faziam parte dele. E também é evidente que a gravidez de Maria se fez notar, até mesmo, antes de seu casamento. Assim, é justo crer que tenha havido essa interpelação e a conseqüente prova de pecado ou inocência, estabelecida na Lei.
Esse livro pode não ser canônico, mas isto não invalida a verdade nele levantada!
Valeu pela aula!!!
Forte abraço e continue na Paz!
Minha intenção aqui é justamente esta, publicar apenas o que é possível ter ocorrido, mas que não foi contado nos evangelhos canônicos. Afinal de contas, o próprio Lucas começa seu evangelho lembrando que muitos escreveram sobre Jesus, e João conclui revelando que se fosse escrito tudo que ele fez não haveria espaço no mundo para tantos livros! (João 21:25) Na minha opinião, isso é um incentivo para nós lermos também os apócrifos - com o devido discernimento, é claro.
Valeu pelo comentário, amigo!
Um abração, na graça e paz de Jesus Cristo!
O post é muito bom, obrigado por compartilhar, o link é este:
http://www.4shared.com/document/WMX3Eagb/Mrtir_do_Glgota.html
Realmente não recebi ontem nenhum comentário seu, deve ter havido algum problema no envio. Vou baixar o livro que vc indicou agora mesmo! Agradeço muito pela dica.
Um forte abraço, na graça e paz do Senhor Jesus!
Depois de tantas noticias ruins, e de tantas tragédias,que bom, o senhor ter voltado a este assunto, que tanto nos desperta a curiosidade, e nos leva a meditar mais nas sagradas e inspiradas letras.
Quanto ao tema deste apócrifo,supostamente escrito por Tiago, filho de Zebedeu, ainda que seja um dos mais antigo proto-evangelho, eu não daria muito credito ao assunto por ele abordado. Motivos:1º- A narrativa descreve Maria, como sendo uma jovem inserida na sociedade judaica, e notada em publico e presente no templo, porem, a jovem Maria, segundo o texto Bíblico, era uma jovem pobre que habitava na pequena Cidade de Nazaré onde não havia templo nem muito menos sacerdote para acompanhar o seu caso. 2º-Após o anjo fazer o anuncio, Maria foi visitar a sua prima Izabel, e permaneceu com ela três meses e depois voltou para sua casa. 3º- Nesse enterim, José que estava desposado dela e sabendo que não havia coabitado com ela, mas,sabendo da sua gravidez, e não a querendo infama-la, tentou deixá-la secretamente, mas o anjo lhe apareceu em sonho, e, lhe disse: Não temas tomar Maria como sua esposa, porque o que foi gerado em seu ventre é obra do Espírito Santo.
Eu não sei se os dois textos Bíblico que foram apresentados com contexto provável, fazem parte ou não, do relato apócrifo de Tiago, porém, se, o amado Pr. Alan, ler com atenção, irá concordar, que estes contextos não condizem com esta "estória",( Ver texto: [1] Assim ordenava a Lei de Moisés: “Porém, se isto for verdade, que não se achou na moça a virgindade, então, a levarão à porta da casa de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” (Deuteronômio 22:20-21)
1º Motivo de duvidas: Este texto de Dt-22:13-19 diz, que,se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela lhe atribuir atos vergonhosos, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem; porém se for levada aos pais, e, eles comprovarem que a marido esta difamando a sua filha, eles poderão punir o tal, e cobrar o tributo da desonra;porém, se ela, verdadeiramente, não era mais virgem, então a tal seria apedrejada conforme a referida lei.
Porém,observem, que tudo partiu de uma reclamação do esposo, e não de alguém que suspeitasse da sua impureza ou gravidez antes do casamento, mesmo por que, a Bíblia não relata o momento em que José a tomou como esposa, conforme o anjo o orientou, se logo após a revelação ou um pouco depois, mas, com certeza,Deus preservou a integridade moral da sua escolhida.
Ver o texto:[2] Confira em sua Bíblia este procedimento, chamado de “Prova da mulher suspeita de adultério”. Deve-se ler todo o contexto (Nm 5:11-31). Segue-se apenas a parte principal:
“E, havendo-lhe dado a beber a água, será que, se ela se tiver contaminado, e a seu marido tenha sido infiel, a água amaldiçoante entrará nela para amargura, e o seu ventre se inchará, e a sua cocha descairá; a mulher será por maldição no meio de seu povo. Se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então, será livre e conceberá.” (vv.27-28)
2º motivo de duvidas: Este texto de Números, também, não se aplica a este caso, porque ele só era aplicado segundo os preceitos da lei, em caso de mulheres com suspeita de adultério, que não era o caso de Maria.( A virgem bem-aventurada).
Querido e amado Pastor Alan, estou com muita saudades, um forte abraço na esposa e filhos.
Deus te abençoe....
É um deleite ler seu comentário, tão cuidadosamente escrito. É provável que o senhor esteja certo na aplicação dos textos que mencionei do Antigo Testamento.
Por outro lado, não podemos ignorar o fato de que, se hoje em dia ainda é um escândalo uma serva de Deus engravidar antes do casamento, muito mais escandaloso seria no tempo bíblico.
José e Maria certamente passaram por um constrangimento muito grande, fato que é delicadamente omitido nos evangelhos. A única forma de Maria ter sido vista por inocente perante os judeus teria sido passando pela prova estabelecida na Lei. A meu ver, parece-me bastante plausível que o sacerdote tenha optado por essa solução. Ainda que a reclamação deveria partir do esposo, como o senhor mencionou, isso não significa que José não tenha sugerido tal coisa, uma vez que seria a única forma de comprovar sua honra e a inocência de Maria. A única forma.
Não vejo outra explicação para Maria não ter sido fortemente discriminada pelo povo. Do contrário, ela foi mesmo discriminada e José tido por traído. Seja como for, os evangelhos canônicos não tocam no assunto, até porque o objetivo dos evangelhos não é contar história, mas nos apresentar a salvação em Cristo Jesus.
Talvez nunca saberemos a resposta para indagações como essa, a não ser na glória.
Um forte abraço, amigo, na paz do Senhor Jesus!
p.s.: E apareça aqui em casa. Também estou com saudades!
Meu querido não se preocupe, não precisa pedir desculpas, entendo o seu sumisso e fico feliz por saber que estas se dedicando a seu livro, que notícia boa Alan, quer dizer então que em breve terei mais uma obra literária lá no meu blog?? Que bom. Deus te abençoe poderosamente para que possamos ser abençoados por ti. Fique com Deus!