24 agosto 2010

A QUEM VOCÊ ESTÁ ALIMENTANDO?

Por Alan Capriles

Aquilo que entra pela boca alimenta o corpo, mas aquilo que entra pelos olhos e pelos ouvidos é alimento para nossa alma. E do que estamos alimentando nossa alma? De coisas espirituais e sadias, ou de coisas carnais e doentias? Ou, teologicamente falando, a quem estamos alimentando? Ao espírito ou a carne?

Somos diretamente responsáveis pelo que entra por nossos olhos e ouvidos, porque isto nos influencia muito mais do que possamos imaginar! E, neste aspecto, é interessante como a TV pode nos afetar, simultaneamente, tanto pela visão, quanto pela audição.

Não vamos culpar a televisão por todos os nossos atos, mas também não podemos negar sua influência sobre nossa sociedade. Quem disse que “a vida imita a arte” talvez não tivesse idéia do quanto isto é verdade. Se alguém passa horas assistindo a todo tipo de filmes, novelas, propagandas, sem que haja nenhum critério, nenhuma seleção, tal pessoa não deveria estranhar mudanças em seu comportamento. E mudanças para pior!

Pessoas que tem a mente poluída, por exemplo, poderiam acabar de vez com suas taras bastando para isso trocar de canal, ou de site na internet. Este fato é comprovado pela seguinte verdade: ninguém vê pornografia porque é tarado, mas é tarado porque vê pornografia. Filmes e sites pornográficos alimentam a carnalidade, fortalecendo a prática do pecado. E o pecado escraviza, aprisiona. Mas apenas enquanto ele for alimentado por imagens e sons.

O segredo então é: enfraqueça seu “lobo mau”, matando ele de fome! Deixe-me ilustrar melhor isto com uma estória que recebi por email:

Um velho índio certa vez descreveu seus conflitos internos:

- Dentro de mim existem dois lobos, um deles é cruel e mau, o outro é bom e compreensivo. Os dois estão sempre lutando.

Quando então lhe perguntaram qual dos lobos ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu:

- Aquele que eu alimentar.

(Autor desconhecido)
Quanta verdade nesta simples ilustração! Se você quer mudar seu comportamento, mude seus hábitos. Se quiser ser uma pessoa pura, afaste-se das impurezas. Pare de ficar jogando a culpa no diabo e comece a tomar atitudes. Fique longe de más companhias, selecione o que assiste pela televisão, as músicas que você ouve, os livros e revistas que lê, e jamais acesse pornografia pela internet. Faça um pacto com seus olhos e ouvidos. Diga resolutamente, como o salmista Davi: “Não porei coisa má diante dos meus olhos” (Salmos 101:3)

Este é um conflito real, mas cuja vitória é decidida por cada um de nós! E não se trata de uma vitória definitiva. É uma batalha para ser vencida a cada dia, que recomeça a cada novo amanhecer, enquanto estivermos neste mundo. São como dois exércitos lutando dentro de nós. O escritor grego Nikos Kazantzakis, por exemplo, revelou seu conflito interno ao declarar: “minha alma é a arena em que esses dois exércitos se encontraram e se entrechocaram”.

Porém, a mais brilhante descrição de tal conflito vem do apóstolo Paulo. Ele não somente ilustra o problema, mas revela claramente a solução:

“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.” (Gálatas 5:16-25 RA)

Paulo chamou a sábia decisão de se manter puro de “andar no Espírito”. Não se trata do nosso espírito, mas do Espírito Santo. Logo, “andar no Espírito” é estar em sintonia com Deus, sendo guiado por sua santa Palavra, por sua real presença.

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” ensinou nosso Senhor Jesus. Se realmente somos dele, não podemos nos esquecer disso. Se realmente queremos vê-lo, que não continuemos fortalecendo as obras da carne, mas o Espírito, que nos faz frutificar para Deus.

Alan Capriles

(Agradeço a minha querida prima Amber, que há alguns anos me enviou a estória que ilustra este artigo)

16 agosto 2010

APELO DE MISSIONÁRIOS NA ÁFRICA

Por Alan Capriles

Recebi esta carta por email, a qual encontra-se também divulgada no blog do casal de missionários Jefferson e Anibelli. Caso você ainda não os conheça, escrevi um artigo em meu blog sobre o importante trabalho que este casal realiza no Niger, dando assistência a mais de 120 crianças carentes, através da Escola Anoura, da qual são diretores. Segue a carta que recebi por email:

Aos Queridos Amigos e Parceiros da Escola Anoura:

Escrevemos primeiramente para agradecer suas orações e contribuições neste ministério, que é o de ensinar. Muitas crianças têm sido alfabetizadas e evangelizadas e a escola Anoura só está aqui hoje, graças à participação de vocês.

Atualmente os nossos alunos estão em férias, enquanto que nós, administradores da escola, já começamos a trabalhar para o bom andamento do próximo ano letivo. Com a abertura de uma nova classe e a saída de uma professora voluntária, estamos à procura de novos professores e em fase de organização para receber as visitas da inspeção do governo, que começarão a partir deste ano. Isto inclui a fase final da construção das novas classes e a compra de novos móveis, que possibilitará a regularização e o registro da escola junto ao governo.

Em vista disso tudo, nós temos encontrado alguns desafios financeiros para a boa continuidade do trabalho:

- Infelizmente com a descontinuidade do suporte financeiro de alguns parceiros estamos com dificuldade para arcar com a folha de pagamentos dos funcionários e impostos, especialmente em virtude das novas contratações.

Valor anual estimado de despesas com salários e impostos para o próximo ano:
9.000.000 (Nove milhões de FCFA) que equivale á 20.400 (Vinte mil e quatrocentos dólares) ou 12.000(Doze mil libras) por ano.

- Em relação à alimentação que fornecemos às crianças na escola, atualmente contamos com apenas 1/3 (um terço) do que seria necessário, então, com a previsão do aumento de alunos no próximo ano letivo, seria inviável a continuidade da alimentação que fornecemos, caso não haja um milagre da parte de Deus, através de nossos parceiros e investidores.

Valor anual estimado de despesas com alimentação e salários de uma cozinheira e uma ajudante para o próximo ano: 4.800.000 (Quatro milhões e oitocentos mil FCFA) que equivale a 11.000(Onze mil dólares) ou 6.500 (Seis mil e quinhentas libras) por ano.

Apesar das circunstâncias em que vivemos neste momento, estamos encorajados a continuar, crendo na provisão d’Aquele que nunca nos desamparou.

Através deste desabafo, gostaríamos de pedir suas orações e apoio. Se possível, repassem esta carta para seus amigos, igrejas e rede de contatos.

“E quando der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá seu galardão”. (Mateus10:42)

Gratos.
Escola Anoura.
Prezado leitor deste artigo. Considere que você não o leu por acaso, mas que Deus espera que você também contribua com esta importante obra de amor ao próximo. A alimentação, educação e, principalmente, evangelização daquelas crianças muçulmanas dependem de nossa contribuição.

Se você não puder ajudar com doações, ao menos ajude repassando este artigo e também com suas orações.

Mas, caso possa contribuir, deposite qualquer valor na conta dos missionários:

Banco do Brasil
Agencia 4569-1
Conta poupança: 6834-9
Variação : 01
Jefferson Luiz Garcia

Quem me conhece sabe que jamais eu divulgaria este apelo em meu blog se não fosse realmente sério e importante.

“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 João 3:17)

Que Deus fale ao seu coração e lhe abençoe cada dia mais!

No amor de Cristo,

Alan Capriles
Pastor da Igreja Bíblica Cristã

11 agosto 2010

O LUGAR DA CURA NA PREGAÇÃO

Por Alan Capriles

Há poucos dias, enquanto eu lecionava homilética, fui confrontado por um de meus alunos com a seguinte pergunta:

- É errado pregar sobre cura?

Respirei fundo, tentando encontrar uma resposta sábia, que não viesse diluir a turma. Afinal de contas, ali estavam membros de denominações muito maiores que a minha, como irmãos da Nova Vida, da Assembléia de Deus e, para surpresa minha, até da Mundial do Poder de Deus. Mas, para uma pergunta simples e direta, nada melhor que uma resposta franca e objetiva:

- Sim, é errado pregar sobre cura.

A reação foi imediata. Enquanto uns cochichavam, outros se contorciam e alguns pareciam não acreditar na minha resposta. Entre os alunos, haviam membros da minha igreja que já haviam testemunhado pregações minhas sobre cura divina. Mas isso foi há anos... A verdade é que não prego mais sobre cura. E tenho fortes razões para ter eliminado este tipo de mensagem. Razões bíblicas, irrefutáveis.

A primeira razão é porque não há nenhum registro bíblico de que se deva pregar assim. Nenhum. Se examinarmos as pregações do Novo Testamento, iremos constatar que nem os discípulos, nem os apóstolos e nem mesmo o próprio Senhor Jesus pregava sobre cura. Eles pregavam o evangelho do Reino. A cura podia vir depois, como sinal de que Deus era com eles. Em outras palavras, os apóstolos não ficavam pregando sobre cura. Eles curavam, em nome de Jesus, e para glória de Deus.

Ao invés disso, muito se prega hoje sobre cura, mas poucos são realmente curados. Não me refiro a desaparecer uma dor de cabeça, ou de coluna. Hipnotizadores também conseguem eliminar dores de uma platéia, por sugestão. Refiro-me a cegos enxergarem, paralíticos andarem e outros grandes sinais, semelhantes a estes. Sei que Deus ainda pode restaurar a visão de um cego e levantar paralíticos. Deus é soberano, e seu poder, infinito. Mas não é este o ponto. A questão crucial é que o fato de Deus curar não nos autoriza pregar sobre cura. As próprias Escrituras me convenceram de que não.

Vejamos o melhor dos exemplos: Paulo. Sabemos que nenhum outro apóstolo foi tão usado por Deus para curar como ele. No entanto, Paulo não pregava sobre cura. Ele curava, o que é muito diferente. O texto a seguir é um bom exemplo:

[Paulo e Barnabé] "fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e para a província circunvizinha; e ali pregavam o evangelho. E estava assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o seu nascimento, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou." (Atos 14:6-10)

Como se percebe, Paulo não pregava sobre cura. Ele pregava o evangelho. O problema é que muitos pregadores nem sequer sabem definir o que é o evangelho! E alguns pensam que pregar o evangelho é apresentar um Jesus curandeiro.

A segunda razão pela qual não devemos pregar sobre cura é porque nem todos os ouvintes tem fé para serem curados. Ainda meditando no referido texto de Atos, vemos que Paulo curou o coxo porque percebeu que este "tinha fé para ser curado". O próprio Senhor Jesus, quando esteve em Nazaré, “não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.” (Marcos 6:5 RA) E “admirou-se da incredulidade deles. Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar.” (Marcos 6:6 RA)

E, finalmente, a terceira razão que encontro para não pregar sobre cura é a mais simples de todas: Jesus nos mandou pregar o evangelho (Mc 16:15). E a boa nova do evangelho não é que Jesus nos cura, mas que ele nos salva de nossos pecados. “E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (1 João 2:25 RC) Ele não prometeu nos curar, mas nos reconciliar com Deus por meio do seu sangue, livrando-nos da ira que brevemente virá (Rm 5:9; Ef 1:7; Cl 1:4)

Apresentar Jesus como curandeiro é rebaixá-lo ao mesmo nível das entidades que atuam no baixo espiritismo, ou das imagens do catolicismo. Supostos milagres podem acontecer em qualquer lugar e crença, sem que Jesus tenha nada a ver com isso! (Mt 7:22,23; 24:24)

Pregar a Jesus como curandeiro também acaba por atrair as pessoas por motivos errados. Ao invés de buscarem a Cristo arrependidas de seus pecados e dispostas a se converterem a ele para serem filhas de Deus, como nos ensina o evangelho, as pessoas lotam os cultos esperando por algum benefício, como se o culto fosse para elas. E temo que a maioria das igrejas estejam cheias disso... de bodes e não de ovelhas.

Precisamos voltar a crer na eficácia da pregação do evangelho. Não de um evangelho de milagres, centrado no homem, que apresenta Jesus como a solução. Não há base bíblica para este falso evangelho. Nenhum discípulo ou apóstolo pregava assim!

Precisamos reler o Novo Testamento a fim de resgatarmos o evangelho bíblico, genuíno, que apresenta Jesus como a salvação. E confiar na atuação do Espírito Santo, que convence cada homem de seu “pecado, e da justiça, e do juízo:” (João 16:8 RC) Na pregação do verdadeiro evangelho está o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.

Quanto aos meus queridos alunos de homilética, eles entenderam que continuo crendo no poder de Deus para curar, mas que, biblicamente falando, não há lugar para a cura na pregação. Diante deste fato, precisaram tomar uma decisão: pregar segundo o modelo bíblico, centrado em Cristo, ou pregar segundo o modelo neo-pentecostal, centrado no homem. Um é contrário ao outro. Para mim, não é uma decisão difícil. E para você?