QUEM TEM MEDO DE MONTE?

Por Alan Capriles

“E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só.” (Mateus 14:23)

A prática de subir ao monte é uma questão mal resolvida no meio evangélico. Enquanto alguns fazem do monte um local sagrado, outros fazem zombaria dos que buscam a Deus em lugares assim. Entre um e outro extremo, há muitas pessoas confusas e somente poucas esclarecidas.

Como em tantas outras questões de fé, o equilíbrio é o caminho mais seguro. O extremismo é sempre desnecessário e improdutivo. E isto aplica-se também ao monte. Sinto-me a vontade para escrever sobre este assunto, pois costumo subir ao monte de uma a duas vezes por mês... E sem crise de consciência!

Por que subo ao monte? Pela mesma razão com que Jesus também o fazia: para estar a sós em oração (Lc 6:12). Respeito quem pensa diferente, mas não vejo sentido algum em subir ao monte acompanhado.

Tal como Jesus, devemos subir ao monte para estar a sós com Deus. Mas nem todos pensam assim. Sempre que subo ao monte, passo por irmãos que estão em grupo. Alguns estão orando, outros louvando, e outros fazem cultos completos, com direito a testemunhos e apelos. Como eu disse, “passo” por eles. Procuro um lugar mais afastado, em que eu possa meditar e orar sem distrações, ou interrupções. E longe do “barulho” também. Ora, reuniões em grupo nós já fazemos no templo, ou em casa. Não é preciso subir ao monte para isso.

Claro que já subi ao monte acompanhado de irmãos. Mas, nunca por acreditar que o monte seja um local sagrado, no qual Deus responde mais depressa nossas orações. Lamentavelmente, muitos têm este pensamento equivocado, de que a adoração no monte seja mais aceita por Deus. Quanto a isto, podemos aplicar aqui a resposta de Jesus à mulher samaritana:

“... nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.” (João 4:21b,23)
Quem faz do monte um lugar sagrado está se afastando do Pai, ao invés de aproximar-se dEle. Digo isto porque aquele que está em Cristo deveria saber que o seu corpo é o lugar sagrado, onde habita o Espírito Santo de Deus (1Co 3:16,17)

Como se pode notar, a questão não é o monte, mas o motivo pelo qual se vai ao monte.

Particularmente, subo ao monte para meditar e estar mais a sós com Deus em oração.  É claro que também tenho meu devocional diário em casa. Mas, definitivamente, não é a mesma coisa. Quando estou orando em casa, mesmo que eu desligue o telefone, posso ser interrompido por uma visita inesperada, ou até por minha própria família. No monte consigo estar mais concentrado em Deus. Além do mais, a vista que tenho do alto do monte é inspiradora, e favorece a meditação na Palavra. É indescritível a experiência de orar contemplando o pôr do sol, a cidade vista do alto e tendo o céu por testemunha! Mas isto é muito pessoal...

No final de 2009 gravei um pequeno vídeo no monte que costumo subir. Ele pode ser visto em meu blog, ou na minha página do Youtube. E pode ser mal interpretado também. Quem assisti-lo com atenção perceberá que não estou incentivando ninguém a subir ao monte. Meu vídeo é um conselho a que se adquira o hábito de estar a sós com Deus. Charles Finney revelou, em um de seus livros, que este era o seu segredo para manter-se cheio da unção do Espírito. Finney costumava retirar-se para buscar a Deus em uma floresta.

E temos este maior exemplo no próprio Senhor. Jesus procurava lugares desertos para estar a sós com o Pai (Lc 5:16). Geralmente, o Monte das Oliveiras era este lugar (Lc 22:39).

Algumas pessoas interpretam erradamente a orientação do Senhor de se orar trancado no quarto (Mt 6:6). Concluem que Jesus estaria proibindo a oração pública. Sabemos que não há tal proibição, pois o próprio Senhor Jesus orou publicamente e também os seus discípulos. Paulo escreveu que devemos orar “em todo lugar” (1Tm 2:8). Na realidade, o que Cristo estava combatendo é a motivação errada de se orar em público “com o fim de ser visto pelos homens” (Mt 6:5). Ao mesmo tempo, o Senhor nos ensina que o Pai vê em secreto e que a fé de quem ora em secreto será recompensada. Este secreto com Deus pode ser no quarto, no monte, ou em qualquer outra parte.

Quanto a mim, tenho a vantagem de morar perto de um famoso monte de oração. A prefeita da cidade onde moro, que é evangélica, fez obras de infra-estrutura e até mudou o nome do local para “Monte das Oliveiras”. Com isto a freqüência aumentou, tornando-o mais seguro.

Por falar nisso, segurança é algo que precisamos considerar. Hoje em dia está cada vez mais perigoso estar sozinho em meio à natureza. Conheço pastores que já foram assaltados no monte e ouvi casos de irmãs que foram vítimas de abuso. Nos dois casos era noite e o monte estava deserto. Não é prudente subir ao monte nestas condições. Qualquer local deserto se torna mais perigoso à noite. Seja no monte, numa praia, ou numa floresta, devemos ter prudência, do contrário estaremos cometendo o pecado de tentar ao Senhor.

Mas, tomando-se as devidas precauções, ninguém precisa ter medo de ir ao monte. A não ser que você tenha medo dos desocupados que ficam na subida do monte entregando “profetadas”. Se este é o seu caso, seu problema não é o monte, mas a sua teologia.

Comentários

Rô Moreira disse…
Alan estou falando de rudimentos.
subir montes é um rudimento??

Paulo nos faz um chamado a deixar os princípios elementares da doutrina de Cristo (rudimentos) e caminhar para a perfeição.
a) Há doutrinas superiores e mais profundas do que as doutrinas de Cristo estando em carne, no cumprimento da lei.
O jejum era um costume judaico.
O jejum que nós adotamos é o jejum bíblico.
Jesus quer que rompamos com tudo que aflige a nossa alma. Este é o verdadeiro jejum que o Senhor decretou.
Is 58:5-7

A falta de revelação faz pensar que existe uma espécie de demônio que só sai com oração e jejum.
Jesus ainda não havia derrotado e amarrado o diabo, nem posto os demônios em cadeias para o juízo do grande dia final.

Lava pés como prova de humildade.
Jo 13:1-20

Paramentos e colarinhos clericais.

Roupas eclesiais e com estolas.

Unção de enfermos.

Imposição de mãos.

Ritos e sacrifícios – (pagar votos, raspar a cabeça, purificações).
At 21:23,24
“Faze, portanto, o que te vamos dizer: estão entre nós quatro homens que, voluntariamente, aceitaram voto;
toma-os, purifica-te com eles e faze a despesa necessária para que raspem a cabeça; e saberão todos que não é verdade o que se diz a teu respeito; e que, pelo contrário, andas também, tu mesmo, guardando a lei.”

Exercícios corporais – (vigílias, jejuns, subidas aos montes, horas de joelhos).
Cl 2:16-23

Rosas ungidas, óleos, balas, arrudas, flores, vassouras, sabonetes, roupas ungidas, enxofre, sangue, correntes, sal, pétalas, lenços, água do rio Jordão, semanas de Gideão, Isaque, Josafá, Moisés, Davi - tudo isso são formas espúrias(17) de fazer comércio com o povo de Deus, anulando a graça de Deus e indignando o sangue da Nova Aliança.

Mandamentos de homens – (proibir corte de cabelo, pintura nas unhas, maquiagem, depilação nas mulheres etc).

Ao abrirmos a Bíblia para receber ensinamentos do Senhor, estaremos sedimentando a nossa vida espiritual, e isso nos levará à maturidade.
É importante lembrar que o judaísmo era uma religião de coisas elementares. Mas o cristianismo é muito mais profundo do que a lei judaica, e os ensinamentos de Paulo vieram imprimir um caráter de maturidade espiritual, ultrapassando os princípios legalistas.
Só queria entender isso. paz!
Alan Capriles disse…
Olá, Rô!

Antes de tudo, agradeço pelo comentário. O artigo que escrevi é bastante claro: a questão não é subir ou não subir ao monte, mas a razão pela qual se sobe o monte.

O monte se torna um rudimento para quem imagina que seja um local sagrado, ou para quem sobe fazendo penitência.

Eu subo o monte pela mesma razão com que Jesus o fazia: para estar a sós com o Pai em meio a natureza. Neste caso, o monte não é um rudimento.

Quem proibe subir ao monte, ou julga quem está indo lá, precisa se converter e respeitar a liberdade que há em Cristo.

Quanto a tudo que li em seu longo comentário, reconheci a fonte: a Igreja Cristo Vive, do herege "apóstolo" Miguel Angelo. Até encontrei o link, de onde provavelmente a irmã copiou (tirou algumas coisas) e colou:
http://www.cristovive.com.br/estudos/impactantes/imprimir/estudo_rudimentos_obras_mortas_i.htm

Cuidado, irmã. Como toda seita, eles misturam verdades com mentiras. Meu conselho é que vc converse com seu pastor seriamente a respeito de suas dúvidas.

Minha intenção é ajudar. Por isso estou lhe recomendando conhecer os perigos da seita Cristo Vive, analisados no excelente site apologético do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas). Basta seguir o link:
http://www.cacp.org.br/pseudocrista/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1570&menu=11&submenu=1

Que Deus lhe abençoe cada dia mais!
Unknown disse…
Olá Amado Pr. Alan, graça e Paz...

Quaro, mais uma vez parabénisa-lo, pelo seu trabalho neste blog, e aproveitar para disse-lhe, que por visitá-lo, me serviu de fonte de inspiração, para criar o meu blog, onde o senhor, si tornou o meu primeiro seguidor. Muito obrigado.
Quanto al tema da postagem, eu também falo sem nenhum peso na consciência, subo ao monte para orar, levo pedidos dos irmãos para apresentar ao Senhor em oração, e me sinto muito bem em fazê-lo; não tenho nada contra quem não o faz.
Quando medito no texto de (J0-4:19-24) -Eu encontro a resposta para toda esta indagação, observem o disse a mulher: Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que és profeta. Nossos pais adoravam neste monte, vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
Observem a resposta de Jesus: Disse-lhe Jesus: Mulher podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, ( Adorar a quem não se conhece verdadeiramente, é insensatez), porque a salvação vem dos judeus.(falando Ele de si mesmo),
Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. (Observem que o espírito, de adoração está escrito em minúsculo, indicando plena consciência e convicção do homem). Isto quer dizer, que a sua adoração independe de lugar, mas sim, que ela seja Racional “Consciente em espírito”. O monte e o templo também não más seria um local apropriado,devido, a perseguição que logo viria sobre todos os cristãos, onde o templo também seria destruído.

Deus abençoe Ricamente a sua vida e sua família...
Alan Capriles disse…
Presb. Fábio

Seus comentários, como sempre, enriquecem meus artigos. Muito obrigado pelo incentivo e constante participação.

Deus lhe abençoe cada dia mais!
Unknown disse…
Amado Pr. Alan vejo que eu não me enganei a seu respeito, o senhor verdadeiramente, é um homem sábio e sensato, por isso eu lhe estimo tanto, e nos tornamos amigos.

Bem verdade, que eu já avia encerrado minha participação nesse texto sobre a pena de morte, mas como o amado, fez mais um comentário, tentado nós dissuadir dessa possibilidade, (ou seja, apoiar a legalização da tal pena), e para isso usou mais um texto Bíblico; ai eu não me contive, e voltei, com esse novo comentário.

O senhor citou ( Jo-8:3-11), "A passagem da mulher adultera", para provar que Jesus, não concorda com a pena de morte; e disse, que este texto é muito claro, e não precisa de Hermenêutica, para compreendê-lo, mesmo porque Jesus, não sentenciou a tal mulher, más a absolveu-a, do suposto adultério.

Meu comentário:
Bem o meu comentário, a respeito desta passagem de Jo-8:3-11, é esse:
Quando estudamos um texto Bíblico, precisamos levar em conta primeiramente, o significado daquilo que significava, pois a narrativa bíblica está na história. Ou seja, cremos que a Palavra de Deus para nós hoje é primeiramente aquilo que Sua Palavra era para eles. Temos, portanto, duas tarefas: Primeiramente, descobrir o que o texto significava originalmente; esta tarefa é chamada "Exegese". Em segundo lugar, devemos aprender a escutar esse mesmo significado na variedade de contextos novos ou diferentes dos nossos próprios dias; chamamos a esta segunda tarefa de "Hermenêutica". No seu sentido clássico, o termo "Hermenêutica", abrange as duas tarefas. Mas como disse D.A. Carson, no seu livro "A exegese e suas falácias", onde ele fala do perigo na interpretação da Bíblia. Segundo ele, não se pode fazer uma boa hermenêutica, sem um bom trabalho de Exegese; ou seja, se não conhece o assunto, dificilmente, saberá explicá-lo bem.

O assunto do texto:
O assunto do texto de Jo-8:3-11 trata-se de um julgamento segundo uma determinada lei.
Quando falamos de direito criminal; na tese: "Acusação e Defesa", podemos observar, que a lei para ambos os casos, é a mesma; e,o que faz, o veredicto, são os atenuantes e os pormenores; "Os detalhes". E nesse ponto meu amado, que eu quero chamar a sua atenção:

Detalhe da acusação
Observem que os acusadores da mulher, disseram: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar.

Varias interpretações do texto:
Quase todos que ler ou tentam interpretar, este texto, o fazem pela resposta de Jesus:
Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
Bem verdade, é que Jesus não estava julgando o caso daquela mulher. (Ele estava, sim, defendendo a sua missão, salvar o pecador), Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela; nessa indagação, Jesus estava dizendo, todos vocês, são adúlteros igualmente a essa mulher, que vocês estão acusando. Mas esta ainda não é a interpretação correta do texto.
Observação:
Darei continuidade em outro comentário.
Unknown disse…
(Minha interpretação do texto de Jo-8:3-11)
E a interpretação correta deste texto; encontra-se no tema da acusação:
(Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas). Tu, pois, que dizes? (Aqui sim está a chave da questão)
Vamos pensar como se estivéssemos no tribunal de um jure.
Sempre que um advogado, vai defender ou acusar alguém, ele lê o processo, examina as provas periciais, buscando em ambos os casos , algumas falha, no processo, e sobre elas, é que eles trabalham, para defender ou acusar, ou mesmo atenuar a sentença de um réu confesso.
E nesse caso, a falha estava na acusação:
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Será que foi mesmo assim, que Moisés ordenou, e onde se encontra essa dita lei?
Bem a referida lei, se encontra aqui nestes dois livros: (Lv-20:10 repetida em Dt-22:22).
Observem, o que verdadeiramente ordenava a tal lei:
(Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera). Moisés não ordenou na lei, que fosse apedrejada apenas a adultera, mais o casal, e eles trouxeram uma mulher para tentar colocar o Senhor em alguma contradição com a lei. Obviamente, que a intenção dos tais acusadores, estava bem claro no texto: Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar.
Bem, meu amado amigo Pr Alan, eu creio que este texto, o qual o senhor apresentou, como defesa contra a pena de morte, ele é real, não só para aquela mulher, mas para todos os transgressores, independente dos seus crimes, até mesmo aqueles fariseus, que acusavam a mulher, se eles também tivesse se arrependido diante do Senhor, também teriam sidos absorvidos por Ele. Em Cristo Jesus, todos estão absorvidos dos seus pecados. Graças a Deus por isso.
Quanto a punir um criminoso com a “Morte”, não devemos nos preocupar tanto assim, já disse Jesus: E digo-vos, amigos meus; Não temais os que matam o corpo e depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo a esse temei. (Lc-12:4,5).
Observem meu amado Pastor, a nossa justiça só pode condenar alguém a morte física, mas espiritualmente ela não pode fazer nada, porque o tipo de morte na qual iremos morrer não fará nenhuma diferença; o que importa é não sofrermos o dano da segunda morte. (Ap-2:11).
Mais uma vez, peço desculpas pelo exagero do comentário.


Deus abençoe ricamente a sua vida, e sua família, em nome de Jesus...