26 junho 2013

EM PARTE CONHECEMOS


Por Russel Norman Champlin
"Porque em parte conhecemos
e em parte profetizamos"
(Paulo - 1Coríntios 13:9)


Nosso conhecimento é parcial, até mesmo com a ajuda dos mais elevados dons da sabedoria e do conhecimento. 

Essa admissão e declaração, feitas pelo apóstolo, deveria ensinar-nos a sermos cautelosos quando cercamos a Deus com os nossos dogmas, como se, já sabendo tudo quanto tem importância, não precisássemos mais de fazer qualquer pesquisa honesta pela verdade. 

A tendência da religião ortodoxa é olvidar-se desse grande fato, apodando de heterodoxa qualquer opinião que não se adapte facilmente dentro dos limites dos dogmas já aceitos. 

Da covardia que teme novas verdades,
Da preguiça que aceita meias-verdades,
Da arrogância que conhece toda a verdade,
Oh, Senhor, livra-nos.
(Arthur Ford)
______________________________________

Trecho de
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo - Russel Norman Champlin - Pág. 210.

.

14 junho 2013

QUEM É DEUS


                              (Leia com calma e meditativamente)


Deus é paciente,
é bondoso.

Deus não arde em ciúmes,
não se vangloria,
não se ensoberbece,
não age maldosamente,
não procura os seus interesses,
não se irrita,
não guarda rancor,
não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade.

Deus está disposto a tudo sofrer,
acreditar, esperar
e suportar.

Deus nunca falha,
Porque Deus... 

Deus é amor.


____________________________

Por Alan Capriles
Inspirado em 1Coríntios 13 e 1João 4:16

____________________________

27 maio 2013

OS TRÊS ESTÁGIOS DA VERDADE

"Qualquer verdade passa por três estágios: 
Primeiro, ela é ridicularizada; 
Segundo, é violentamente combatida; 
Terceiro, é aceita como óbvia e evidente."

(Arthur Schopenhauer)


... preparando o terreno para minhas futuras postagens
e preparando-me para os estágios
que terei de enfrentar.


10 maio 2013

O QUE SIGNIFICA ACEITAR JESUS

Pregação em áudio com referências em vídeo



Um dos maiores equívocos da teologia contemporânea é denunciado nesta mensagem, a qual nos conduz a uma correta compreensão do ensino de Cristo. Se possível, confira em sua Bíblia as referências que aparecem no decorrer da mensagem.

Gravado do púlpito da Igreja Bíblica Cristã em 01 de Maio de 2013.

Clique aqui e leia um artigo sobre esse mesmo tema.
Clique aqui para se inscrever no meu canal de vídeos!

26 abril 2013

O QUE SIGNIFICA ACEITAR A JESUS

Por Alan Capriles

Um dos maiores equívocos da teologia foi separar a pessoa de Jesus dos seus ensinamentos. Aceitar a Jesus nada mais é do que aceitar seus ensinamentos. Se não, vejamos: 
É possível alguém ser salvo sem arrependimento de pecados?
(Segundo Jesus todos que não se arrependerem perecerão); 
É possível alguém ser salvo sem exercer o perdão?
(Jesus nos ensinou que o Pai perdoará nossos pecados da mesma maneira como perdoamos); 
É possível alguém ser salvo sem exercer o amor ao próximo?
(Jesus asseverou que a prática do amor, mais do que qualquer outra coisa, é a marca que caracteriza seus verdadeiros discípulos, pois é a base de tudo que ele ensinou). 
Como se vê, é impossível aceitar a Jesus e não aceitar seus ensinamentos, porque Jesus, ele mesmo, é o Verbo (a Palavra eterna) que se fez carne. Não podemos separar a carne do Verbo, ou seja, a pessoa do seu ensinamento. 

Sendo assim, só entra na graça que há em Cristo quem aceita sua Palavra. A verdadeira fé em Jesus se caracteriza pela prática do que ele ensinou. Quem crê, obedece. Quem desobedece, na verdade não crê e, por isso, não pode ser salvo, porque nunca aceitou realmente a Jesus. Simples, não?

"Quem crê no Filho tem a vida eterna; 
quem, porém, mantém-se em desobediência ao Filho 
não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus."
(João 3:36 - Almeida Séc. 21)
Alan Capriles
_______________________________________________

Os argumentos acima baseiam-se nas seguintes palavras de Cristo, entre outras:

"se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis." (Lucas 13:3,5)

"se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas." (Mateus 6:15)

"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros." (João 13:35)

19 fevereiro 2013

O TESTE FINAL PARA AS PROFECIAS DOS PAPAS


Por Alan Capriles

Não costumo escrever sobre isso, para não ser mal interpretado, mas um de meus passatempos prediletos é o estudo das profecias. Refiro-me não somente a profecias encontradas na Bíblia, mas a qualquer profecia que pareça confirmar a escatologia bíblica, ainda que esteja num livro apócrifo. Como, por exemplo, uma profecia que se encontra no livro da Ascensão de Isaías, a respeito da qual escrevi anteriormente.

Mas foi a recente renúncia do papa Bento XVI que me trouxe à memória uma suposta profecia da qual tomei conhecimento há alguns anos. Trata-se do texto que ficou conhecido como a profecia de São Malaquias, um bispo irlandês que viveu no século XII e que no ano de 1139, em visita a Roma, teria tido uma revelação divina acerca de todos os futuros papas que haveria na igreja católica [1].

O que torna essa suposta profecia interessante é sua correlação com, no mínimo, duas outras profecias, uma das quais se encontra no livro das Revelações, mais conhecido como Apocalipse. Neste artigo analisarei cada uma delas e você descobrirá porque nosso atual momento histórico é o teste final para o que chamei de “as profecias dos papas”.

A PROFECIA DE SÃO MALAQUIAS

A lista de São Malaquias [2] consta de 111 frases curtas, escritas em latim, chamadas de divisas ou lemas, e que corresponderiam a todos os futuros papas, desde Celestino II, que subiu ao trono papal em 1143, até o papa de número 111, que foi o papa Bento XVI. Relacionei a seguir, e a título de curiosidade, os três primeiros e últimos lemas desta longa lista, com sua tradução do latim para o português, bem como a data e o nome de cada papa correspondente:

1 - Ex Castro Tiberis - Do Castelo do Tibre - Papa Celestino II (1143-1144) - Guido di Castello

2 - Inimicus Expulsus - Inimigos Expulsos - Papa Lúcio II (1144-1145) - Gherardo Caccianemici dell'Orso

3 - De Magnitudine Montis - Procedente de Montemagno - Beato Eugênio III, O.Cist. (1145-1153) - Bernardo Pignatelli
...

109 - De Medietate Lunae - Da Metade da Lua - Papa João Paulo I (1978) - Albino Luciani

110 - De Labore Solis - Do Trabalho do Sol - Beato João Paulo II (1978-2005) - Karol Jozef Wojtyla

111 - De Gloria Olivae - Da Glória da Oliveira - Papa Bento XVI (2005-2013) Joseph Alois Ratzinger

Com o passar dos anos a profecia de São Malaquias foi ganhando crédito, pois cada lema parece mesmo ter alguma coisa a ver com cada papa correspondente. João Paulo II, por exemplo, que foi o papa de número 110, teve por lema a frase “Do trabalho do sol”. Intérpretes dizem que nenhum outro papa deu tantas voltas ao mundo como ele, lembrando o trabalho do sol, além do fato de que tanto seu nascimento quanto seu sepultamento tenha ocorrido durante um eclipse solar. É inegável também o fato de que o brilho pessoal de João Paulo II obscureceu a lembrança de qualquer outro papa do século passado.

Mas a lista de São Malaquias não termina com o lema de número 111, mas é acrescida de uma sinistra conclusão. Apesar de não ser numerada, a conclusão parece indicar um possível 112º papa, o qual seria o último da história da igreja católica. Mas este não é descrito por um lema e sim por uma frase que considero, no mínimo, intrigante:

"Na última perseguição à sagrada Igreja Romana reinará Pedro o Romano, que alimentará as suas ovelhas com muitas tribulações; passadas as quais a cidade das sete colinas será destruída e o juiz terrível julgará o seu povo. Fim."

A frase parece descrever um período de grande tribulação, na qual a cidade de Roma seria destruída (atentado nuclear terrorista?) e, segundo alguns, chegaria o temido dia do juízo final. Mas quem seria esse “Pedro o Romano”? E porque ele não está enumerado com os demais papas?

Há uma especulação de que possivelmente “Pedro o Romano” não seja um papa, razão pela qual não estaria enumerado. Neste caso, poderia ser o Cardeal Camerlengo que é quem tradicionalmente assume o pontificado no período de transição entre um papa e outro. Nesse caso, já sabemos que o atual camerlengo é o cardeal Tarcisio Bertone e que ele assumirá o cargo em 01 de Março de 2013. Aparentemente não há nada que o ligue a essa profecia. No entanto, uma simples investigação na Wikipédia nos revelará que seu nome completo e o nome da cidade onde nasceu parecem fazer ligação com o profetizado “Pedro o Romano” [3]:

   Seu nome completo: Tarcisio PIETRO Evasio Bertone (Confira aqui)
   Sua cidade natal: ROMANO Canavese (Confira aqui)

Note que Pietro é Pedro em italiano. No entanto, outros – e parece ser a maioria – arriscam que “Pedro Romano” será mesmo um papa. Segundo essa interpretação, ele será natural de Roma e escolherá “Pedro” como seu nome papal. Mas isso é pouco provável, pois até hoje nenhum papa teve a ousadia de usar o nome de Pedro que, segundo a igreja católica, teria sido o primeiro papa. Se o fizesse, teríamos um Pedro II assumindo o pontificado.

Mas o fato é que Bento XVI renunciou e, finalmente, as profecias dos papas serão testadas. Eu disse “as profecias” porque, na verdade, existem outras. O interessante (e é por ser interessante que escrevo este artigo) é que estas supostas profecias se relacionam, tornando este momento particularmente eletrizante para quem se interessa pelo assunto. Vejamos a próxima.

A PROFECIA DO MONGE DE PÁDUA

Quando as profecias de São Malaquias foram descobertas nos arquivos do Vaticano, em 1590, vieram acrescidas de comentários também proféticos, assinados por um homem que se intitulava Monge de Pádua. Esses comentários também vêm se confirmando com grande precisão, sendo relativos aos vinte últimos nomes da lista de São Malaquias. Relaciono abaixo as últimas seis frases, com os papas correspondentes e o possível cumprimento de cada profecia:

“Homem de grande humanidade que fala francês”
João XXIII (Papa de 1958 a 1963)
Falava francês e foi núncio apostólico em Paris antes de se tornar patriarca de Veneza. Iniciou seu pontificado visitando prisioneiros em Roma e os pobres nos hospitais, mostrando seu valor humanitário.

“A sombra do AntiCristo começará a obscurecer a Cidade Eterna”
Paulo VI (1963-1978)
No dia 7 de dezembro de 1968, este papa declarou em um discurso que “a fumaça de Satanás” tinha penetrado na Igreja por alguma fenda.

“O pastor da laguna; seu reinado será tão rápido como a passagem de uma estrela cadente.”
João Paulo I (1978)
De fato, João Paulo I faleceu 33 dias após sua eleição.

“Virá de longe e manchará a pedra com seu sangue”
João Paulo II (1978 a 2005)
O Papa João Paulo II foi oriundo da Polônia (virá de longe) ao contrário da maioria dos papas, que foram italianos. O atentado sofrido em 1981 manchou de sangue a Praça de São Pedro.

“Semeador de paz e de esperança em um mundo que vive suas últimas esperanças”
Bento XVI (2005-2013)
A renúncia de Bento XVI, segundo ele mesmo, foi para o bem da igreja, postura que é vista por muitos como a de um pacificador.

"Ele chegará a Roma de uma terra distante para encontrar tribulação e morte"
O próximo Papa. (2013 - ?)

Segundo o misterioso Monge de Pádua, o futuro papa não será italiano. Se ambas as profecias estiverem certas, se fortalece a interpretação de que “Pedro o Romano” não seria o papa, mas o cardeal camerlengo que governará durante o período de transição, conforme analisamos anteriormente.

Mas, como eu disse no início desse artigo, somente profecias que pareçam ter alguma base bíblica merecem minha atenção e estudo. De fato, esse é caso com as profecias dos papas que, segundo muitos intérpretes, relaciona-se com o capítulo 17 do livro de Apocalipse.

A PROFECIA DE APOCALIPSE 17

O capítulo 17 do livro do Apocalipse é dedicado a revelar o julgamento da “grande meretriz”, que seria uma organização (Política? Religiosa?) de alcance mundial, mas abominável aos olhos de Deus. O anjo revela uma possível localização geográfica para essa organização, a qual seria uma cidade (17:18) e estaria situada entre sete montes (v.9). Outras características também são deixadas para que possamos identificar o que seria essa “grande meretriz”. Ela seria riquíssima (v.4), teria tido relações ilícitas com os governantes da terra (v.2) e se embriagado “com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus” (v.6). Para irmos direto ao assunto, muitos teólogos deduzem que essas características apontam para a Igreja Católica, a qual tem por sede o Vaticano, uma cidade-estado erigida em Roma, que é conhecida como a cidade das sete colinas. De fato, a igreja católica tornou-se riquíssima por meio de acordos políticos, através dos quais conseguiu domínios em toda a terra. Também é notório que muito antes da chamada “santa inquisição” a igreja católica patrocinava a perseguição e morte de qualquer um que discordasse de seus termos, inclusive assassinava crentes fiéis a Jesus. Mas, o que isso tem a ver com as profecias dos papas?

Nesse mesmo capítulo 17 do Apocalipse nos é revelado a respeito de sete reis, “dos quais cinco caíram, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.” (v.10) Pois bem, estes sete reis seriam os sete últimos papas. E por que somente sete papas seriam mencionados no apocalipse, se a igreja católica teve mais de duzentos papas em sua história? A explicação é simples: somente em 1929, com o Tratado de Latrão, a igreja católica se tornou um estado e o papa, consequentemente, um chefe de estado – ou seja, na linguagem de dois mil anos atrás, um “rei”.

Se contarmos os “reis” da igreja católica, teremos a seguinte relação e contagem dos papas:

  1º) Papa Pio XI (1922 -1939)
  2º) Papa Pio XII (1939-1958)
  3º) Papa João XXIII (1958-1963)
  4º) Papa Paulo VI (1963-1978)
  5º) Papa João Paulo I (1978)
  6º) Papa João Paulo II (1978-2005)
  7º) Papa Bento XVI (2005-2013)

No entanto, assim como ocorre com a profecia de São Malaquias, o capítulo 17 do Apocalipse nos fala de mais alguém que governará, um personagem sinistro que está fora dessa lista e que viria após o sétimo “rei”:

“E a besta, que era e não é, também é ele o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição.” (v.11)

Não pretendo aqui explicar o termo “besta”, uma vez que não é o objetivo desse artigo. O máximo que posso dizer é que muitos teólogos o identificam com o “anticristo”, uma figura maligna e mundialmente influente que surgiria no final dos tempos para perseguir a igreja e enganar o mundo [4].

Mas, voltando à nossa análise, note que há semelhanças entre esse oitavo rei do apocalipse e o vigésimo papa da lista do Monge de Pádua, que é também o 112º da lista de São Malaquias . Além de todos darem fim a cada listagem, o período de governo desse possível papa será de tribulação e terminará com a destruição da cidade entre as sete colinas. Segundo o Apocalipse, a cidade será consumida no fogo em um só dia (18:8), sua fumaceira será vista de longe (18:9) e todos terão que manter distância, por medo de seu tormento (18:10). Esse quadro lembra uma explosão nuclear, cujos efeitos da radiação obrigam as pessoas a manter distância do local atingido.

Em suma, as profecias que analisamos indicam que o sucessor do papa Bento XVI será o último líder da igreja católica apostólica romana. Não apenas isso, mas ele testemunharia a destruição do Vaticano e, possivelmente, de toda a cidade de Roma.

Contudo, não há motivo para pânico. O mais provável é que tais acontecimentos nunca venham ocorrer. A história demonstra que praticamente todos os intérpretes de profecias têm duas coisas em comum: primeiro, cada um deles tem a certeza absoluta de que está certo; e, segundo, o tempo comprova que todos estavam errados. O fato é que chegou o momento do teste final para as profecias dos papas e somente o tempo irá dizer se os seus intérpretes estavam certos ou não.

O que temos a fazer é prosseguir com nossas vidas, amando, vigiando e orando cada dia mais. Não por medo de um possível anticristo, ou de uma terceira guerra mundial, mas porque amar a Deus e ao próximo é o ensinamento de Cristo para qualquer discípulo, em qualquer tempo e em todo lugar.

Alan Capriles

[1] Um documentário do History Channel que explica a profecia de São Malaquias você encontra aqui.
[2] A lista completa dos papas profetizados por São Malaquias você encontra aqui.
[3] Sobre Tarciso Bertone você encontra informações aqui e aqui.
[4] Alguns crêem que o Papa João Paulo II ressuscitará e que ele é o anticristo(!). Assista o vídeo aqui

18 fevereiro 2013

EXPERIÊNCIAS COM DEUS

Qual a importância de nossas experiências pessoais com Deus?




Há momentos em nossa caminhada onde somente a certeza plena de que Jesus é o Cristo poderá sustentar nossa fé. Tal certeza não se dá por meio da teologia ou do testemunho de outros irmãos, mas de nossas próprias experiências pessoais com Deus.

Assim ocorreu com Paulo, o apóstolo. Não foi seu conhecimento teológico , ou o testemunho dos mártires cristãos que o converteram a Cristo, mas a sua própria experiência com Deus no caminho para Damasco.

Nessa mensagem, pregada do púlpito da Igreja Bíblica Cristã em 10 de Fevereiro de 2013, abro meu coração e revelo algumas de minhas experiências pessoais com Deus e de como elas foram cruciais para que eu não desistisse do meu chamado pastoral.

Após ouvir essa mensagem sinta-se a vontade não somente para comentá-la, mas principalmente para compartilhar conosco as suas próprias experiências pessoais com Deus.

Alan Capriles

____________________________________

Para ouvir mais mensagens que preguei confira nossa Playlist no YouTube.
Para baixar o áudio desta e de outras pregações, entre na página de áudio deste blog, clique no título desejado, aguarde abrir uma nova página, e escolha a opção download. O arquivo baixará gratuitamente para o seu computador no formato mp3.
____________________________________

16 fevereiro 2013

A MAIS NOVA (PER)VERSÃO DA BÍBLIA

Por Alan Capriles

Enquanto me esforço no estudo do grego, a fim de melhor compreender os textos do Novo Testamento, sou informado da mais recente versão da Bíblia, se é que podemos chamar isso de versão. Apesar de ser ainda uma proposta digital e independente, não duvido que em breve algum editor ganancioso e sem escrúpulos comprará os direitos para publicação. Confira um trecho que, a meu ver, mais parece uma piada de mau gosto:

Chegando um playboyzinho perto de Jesus, puxava saco dele: "Bom mestreeeeeeeeee... o que eu preciso fazer pra descolar essa tal vida eterna, heim?". E Ele respondeu: "Pode parar com a adulação. Bom é o pai, eu sou bonzinho. Mas tipo, se quer curtir a balada da vida eterna, obedece os mandamentos". E o playboy retrucou: "Que mandamentos?". Jesus continou a bordoada: "Não mate, não roube, não minta, não pegue a mulher de ninguém, respeite seus pais e ame as outras pessoas como se elas fossem você mesmo". O playboy então respondeu: "Qualé Jesus... eu sempre fiz isso aí tudo. Se tem um cara bom nessas paradas, sou eu. Que mais eu preciso fazer?". E Jesus soltou o hadouken final: "Se você quer ser 'o cara', então vende tudo o que tem e dá pra quem não tem nada. Faz a diversão dos pobres, mano! Aí vem viver comigo, nessa nossa vida loka". Então o cara abaixou a cabeça e saiu de fininho, por que era rico pra caramba e sentiu pena de se livrar dos carros, videogames, da empresa e do apartamento no Guarujá.
Jesus continou esculhambando: "É mais fácil ganhar uma briga do Chuck Norris, do que entrar gente rica no céu". Os discípulos já ficaram alvoroçados com essa conversa: "Vixi! Então quem vai conseguir ser salvo? Tamo perdido!". E Jesus ensinava: "Salvar-se é realmente impossível. Mas relaxem, por que Deus pode fazer qualquer coisa".
Pedro fez questão de perguntar qual o futuro deles mesmos, só pra prevenir. E Jesus explicou: "Vocês que largaram tudo pra serem meus seguidores, vou garantir umas cadeiras estilosas no céu, pra julgarem as doze tribos de Israel. Quem deixou as coisas materiais ou a família por minha causa, vai receber cem vezes mais no céu (menos sogra, claro), além da vida eterna."
A princípio, quando me deparei com a perversão acima, eu havia decido não comentar sobre o assunto. Mas depois, refletindo melhor a respeito, considerei ser uma boa oportunidade para escrever o que penso sobre as diversas versões (e perversões) da Bíblia. Para ser franco e objetivo, minha opinião é que até o presente momento ainda não temos uma versão que seja, ao mesmo tempo, verdadeiramente fiel aos melhores manuscritos e de fácil leitura para o povo brasileiro.

Penso que, para ser fiel ao que o autor bíblico pretendia dizer (e considero isso importantíssimo), não precisamos necessariamente usar palavras estranhas ao nosso vocabulário. E, por outro lado, para que todos compreendam os textos, não precisamos alterar frases. Existem alternativas, mas elas parecem não ser levadas em conta pelos atuais tradutores, que vão de um extremo a outro.

Percebo também que parte desse problema está numa quase idolatria dos evangélicos pela versão de João Ferreira de Almeida, como se fosse ele mesmo quem tivesse escrito os textos originais da Bíblia. Já está comprovado que essa versão contém erros de tradução e que não foi baseada nos melhores manuscritos em hebraico e grego. Mas muitos evangélicos insistem teimosamente nessa versão. Aliás, a Sociedade Bíblica Brasileira já está preparando mais uma repetição do mesmo tema, que será uma atualização da versão Almeida Revista e Atualizada. Como será que irão chamá-la depois de pronta? Talvez seja "Almeida Revista e Reatualizada".

Brincadeiras a parte, o fato é que não temos uma versão em português que seja realmente fiel aos melhores manuscritos das Escrituras e adequada para o povo brasileiro. Sendo assim, aconselho que cada um, assim como eu, se esforce em estudar o grego. Ao menos as principais passagens. Não que isso seja necessário para a sua salvação, mas certamente irá lhe salvar de versões pervertidas que não sejam tão evidentes como a que publiquei nesse artigo.

Alan Capriles

01 dezembro 2012

DISCÍPULOS DE CRISTO OU DISCÍPULOS DE CRISTIANISMO?

A diferença entre se dizer cristão e ser um verdadeiro filho de Deus




Áudio da mensagem que preguei do púlpito da Igreja Bíblica Cristã em 30 de Setembro de 2012, baseado no texto de Lucas 6:20-49, o qual pode ser conferido a seguir:
20 Então, olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
21 Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir.
22 Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem.
23 Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas.
24 Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação.
25 Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar.
26 Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas.
27 Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam;
28 bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam.
29 Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica;
30 dá a todo o que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em demanda.
31 Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles.
32 Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam.
33 Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso.
34 E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
35 Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.
36 Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.
37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados;
38 dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.
39 Propôs-lhes também uma parábola: Pode, porventura, um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?
40 O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.
41 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?
42 Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
43 Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
44 Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
45 O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.
46 Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?
47 Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante.
48 É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída.
49 Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.
(Jesus Cristo - Lucas 6:20-49)
____________________________________

Para ouvir mais mensagens que preguei confira nossa Playlist no YouTube.
Para baixar o áudio desta e de outras pregações, entre na página de áudio deste blog, clique no título desejado, aguarde abrir uma nova página, e escolha a opção download. O arquivo baixará gratuitamente para o seu computador no formato mp3.
____________________________________

24 novembro 2012

JESUS EXISTIU?


Por Bart D. Ehrman

Em uma sociedade em que as pessoas ainda afirmam que o Holocausto não aconteceu, e em que há afirmações contundentes de que o presidente americano é, na verdade, um muçulmano nascido em solo estrangeiro, é alguma surpresa aprender que a maior figura da história da Civilização Ocidental, o homem sobre quem foi construída a mais poderosa e influente instituição social, política, econômica, cultural e religiosa do mundo – a Igreja Cristã – o homem que é adorado, literalmente, por bilhões de pessoas hoje – é alguma surpresa ouvir que Jesus nunca sequer existiu?

Essa é uma afirmação feita por um grupo pequeno mas crescente de escritores, blogueiros e viciados em internet que chamam a si mesmos de mitologistas. Esse grupo extraordinariamente vociferante de negativistas sustenta que Jesus é um mito inventado para propósitos nefastos (ou altruístas) pelos primeiros cristãos, que modelaram seu salvador através da linhagem divina de um homem pagão que também nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, que também fez milagres, morreu como expiação pelo pecado e foi, então, ressuscitado dos mortos.

Poucos desses mitologistas são realmente estudiosos formados em História Antiga, religião, estudos bíblicos ou qualquer campo similar, sem falar nas línguas antigas geralmente estudadas por quem quer dizer alguma coisa com algum grau de autoridade sobre um professor judeu que (supostamente) viveu na Palestina do primeiro século. Existem algumas exceções: das centenas – milhares? – de mitologistas, dois (que eu saiba) realmente têm doutorado e credenciais em áreas relevantes de estudo. Mas mesmo tendo isso em conta, não há um único mitologista que ensina Cristianismo Primitivo ou até mesmo as civilizações da Antiguidade Clássica em alguma instituição de ensino superior respeitada no mundo ocidental. E não é de se admirar o porquê. Essas opiniões são tão radicais e tão pouco convincentes para 99,99 por cento dos verdadeiros especialistas daquela área como seria para eles pegarem uma vaga de emprego em um respeitado departamento de Religião como criacionistas ou como defensores da formação do mundo em seis dias num departamento de Biologia.

Por que, então, o movimento mitologista vem crescendo, com defensores tão confiantes de suas opiniões e contestações – mesmo bem articuladas – em sua radical denúncia da ideia de que Jesus realmente existiu? É, em grande parte, porque esses que negam [a existência de] Jesus são os mesmos que denunciam a religião – um tipo de pessoa que agora está muito na moda. E que melhor maneira de caluniar a visão religiosa da grande maioria das pessoas do mundo ocidental, que se mantém, apesar de tudo, predominantemente cristã, do que a alegação de que o fundador histórico de sua religião era, na verdade, o produto da imaginação de seus seguidores?

Mas a visão dos fundadores era diferente. A realidade – triste ou salutar – é que Jesus era real. E este é o tema de meu novo livro, “Jesus existiu?”.

É verdade que Jesus não é mencionado em nenhuma fonte romana de sua época. Mas isso não deveria ser contabilizado para se negar sua existência, uma vez que essas mesmas fontes quase não mencionam ninguém de sua época e lugar. Nem mesmo o famoso historiador judeu, Josefo, ou até, mais particularmente, a figura mais poderosa e importante de sua época, Pôncio Pilatos.

Também é verdade que as nossas melhores fontes sobre Jesus, os Evangelhos, estão cheias de problemas. Eles foram escritos décadas após a vida de Jesus por autores tendenciosos que estão em desacordo uns com os outros em cada linha. Mas os historiadores nunca podem descartar fontes apenas porque elas são tendenciosas. Você pode não confiar na visão de Rush Limbaugh de Sandra Fluke, mas ele certamente fornece evidências de que ela existe.

A questão não é se as fontes são tendenciosas, mas se fontes tendenciosas podem ser usadas para fornecer informação histórica confiável, uma vez que o joio tendencioso é separado do cerne histórico. E os historiadores têm buscado meios de fazer isso.

Com relação a Jesus, temos numerosos relatos independentes de sua vida nas fontes por trás dos Evangelhos (e os escritos de Paulo) – fontes que foram originalmente escritas em aramaico, a língua nativa de Jesus, e que podem ser datadas dentro de apenas um ano ou dois de sua vida (antes de a religião cristã ser mudada para converter os pagãos). Fontes históricas como essas são bastante surpreendentes para figuras antigas de qualquer tipo. Além disso, temos escritos relativamente extensos de um autor do primeiro século, Paulo, que adquiriu sua informação da vida de Jesus dentro de alguns anos e que sabia, em primeira mão, de Pedro, o discípulo mais próximo de Jesus e de seu próprio irmão Tiago. Se Jesus não existiu, você pensaria que seu irmão saberia.

Além disso, a afirmação de que Jesus foi simplesmente inventado não se sustenta. Os alegados paralelos entre Jesus e os deuses-salvadores “pagãos” na maioria dos casos residem na imaginação moderna. Não sabemos quantos outros nasceram de uma virgem, morreram como expiações pelo pecado e, em seguida, foram ressuscitados dos mortos (apesar do que os sensacionalistas afirmam ad nauseum em suas propaladas versões).

Além disso, aspectos da história de Jesus não teriam simplesmente sido inventados por quem deseja fabricar um novo salvador. Os primeiros seguidores de Jesus declararam que ele era um Messias crucificado. Mas antes do Cristianismo, não havia absolutamente nenhum tipo de judeu que pensava que haveria um futuro messias crucificado. O Messias era pra ser uma figura de grandeza e poder que derrotaria o inimigo. Qualquer um que quisesse inventar um messias faria dessa forma. Por que os cristãos não fariam também? Porque acreditavam especificamente que Jesus era o Messias. E eles sabiam muito bem que ele foi crucificado. Os cristãos não inventaram Jesus. Eles inventaram a ideia de que o Messias tinha de ser crucificado.

Alguém pode escolher repetir as preocupações de nossos menosprezadores culturais modernos e pós-modernos da religião institucionalizada (ou não). Mas, certamente, a melhor maneira de promover qualquer agenda desse tipo é negar o que virtualmente todos os historiadores sensatos do planeta – cristãos, judeus, muçulmanos, pagãos, agnósticos, ateus, o que for – concluíram baseados em uma gama de evidências históricas convincentes.

____________________________

Resenha do livro "Did Jesus Existed?" (Jesus Existiu?) escrito por Bart D. Ehrman, mas ainda não publicado no Brasil. 
Bart Ehrman é um historiador e teólogo norte-americano que tem se destacado como um dos principais estudiosos do cristianismo primitivo, tendo se doutorado pela Universidade de Princeton e atualmente sendo docente da Universidade da Carolina do Norte. Alguns de seus livros já foram lançados em português, como "O que Jesus Disse? O que Jesus não Disse?", "Quem Jesus foi? Quem Jesus não foi?", "Pedro, Paulo e Maria Madalena", "Evangelhos Perdidos", entre outros. Como agnóstico declarado, sua firme posição em assegurar que Jesus existiu causou grande incômodo entre aqueles que negam sua existência.
O texto foi traduzido por Betone Souza e compilado de seu blog.
Veja o texto original em inglês clicando aqui.

20 novembro 2012

AS DIVERGÊNCIAS NOS EVANGELHOS SINÓTICOS

TRÊS DIFERENTES HISTÓRIAS, MAS UM SÓ ENSINAMENTO


Por Alan Capriles

Temos a sorte de haver não apenas um, mas quatro evangelhos canônicos, ou seja, reconhecidos pela igreja como inspirados por Deus. [1] Os três primeiros – Mateus, Marcos e Lucas – são chamados de evangelhos sinóticos, pois apresentam a vida de Jesus seguindo uma sinopse bastante parecida. Quase todas as histórias contadas em Marcos, por exemplo, são também contadas em Mateus e em Lucas. No entanto, isso não significa que haja unanimidade quanto à maneira como estas histórias são contadas. Isso fica claramente demonstrado nos relatos a seguir, onde comparo três passagens paralelas dos evangelhos sinóticos:
“Entretanto, os fariseus, sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho.  E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:  Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?  Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.  Este é o grande e primeiro mandamento.  O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.  Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mateus 22:34-40)
“Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?  Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!  Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.  O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.  Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele,  e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios.  Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo.” (Marcos 12:28-34)
“E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?  Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?  A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.  Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás.  Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?  Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto.  Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo.  Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo.  Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele.  E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.  No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar.  Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?  Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.” (Lucas 10:25-37)*
Apesar de retratarem o mesmo acontecimento da vida de Jesus, todos os evangelistas o relataram de maneira diferente. Segundo Lucas, por exemplo, Jesus não respondeu diretamente qual seria o grande mandamento da Lei, mas devolveu a pergunta para o intérprete da Lei, que lhe dá uma sábia resposta. No entanto, para Mateus e Marcos, é o próprio Jesus quem responde imediatamente a questão. Ora, qual dos dois deu a resposta? Não há como se conciliar essa questão. Mas vejamos ainda como a mesma história tem desfechos diferentes, segundo o relato de cada evangelho.

Em Mateus a história termina mais abruptamente, com Jesus apenas acrescentando que “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” – revelação que, aliás, não consta dos demais evangelhos. Marcos, por outro lado, acrescenta que o escriba teria comentado a resposta de Jesus e que este, vendo “que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus.” Esse é o final da história para Marcos, o qual apenas acrescenta que “já ninguém mais ousava interrogá-lo.”

Em Lucas, como já foi dito, Jesus não responde diretamente a pergunta, mas a devolve para o intérprete da Lei, que acaba respondendo a questão por ele mesmo levantada. Jesus apenas avalia que sua reposta foi correta e acrescenta: “Faze isto e viverás”. Mas, ainda segundo Lucas, o intérprete da Lei “querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?” – uma nova questão, que resulta na famosa parábola do bom samaritano. Mas o diálogo ainda prossegue, com Jesus lhe perguntando, ao final da parábola: “Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo”.

Pois bem, não há como se negar que temos aqui três histórias diferentes. E provavelmente jamais saberemos o que realmente aconteceu: se foi Jesus quem deu a resposta (Mt e Mc) ou se foi o intérprete da Lei (Lc); se houve apenas essa pergunta (Mt) ou se o diálogo se prolongou um pouco mais (Mc) ou muito mais (Lc); se o escriba fez um comentário que foi elogiado por Jesus (Mc), ou se foi o contrário (Lc); se Jesus disse para o intérprete da Lei “não estás longe do reino de Deus” (Mc) ou se disse “faze isto e viverás”(Lc), ou se não disse mais nada (Mt). Não temos como saber os detalhes do que realmente ocorreu. E também não é possível juntar as três histórias em uma só, como você mesmo poderá comprovar.

Mas será que esses detalhes têm alguma relevância quanto ao ensino por detrás dessas histórias? Definitivamente não! Apesar de não sabermos com exatidão o que aconteceu, o fato é que nas três histórias o ensino permanece o mesmo. Esse é apenas um exemplo dentre vários outros que encontramos na leitura comparativa dos evangelhos. E a conclusão será sempre a mesma, a saber, a de que as histórias contém divergência nos detalhes, porém não nos ensinamentos.

Como pode ser isso? Por que motivo há divergências entre os evangelhos, ainda que sejam nos detalhes? A resposta é tão simples que corremos o risco de não considerarmos suas implicações.

As evidências indicam que os acontecimentos ocorridos no ministério público de Jesus não foram imediatamente colocados no papel. Algum tempo teria se passado até que algum discípulo começasse a escrever a respeito do que Jesus disse e do que ele fez. Quanto tempo? Semanas? Meses? Anos? Tenho minhas dúvidas, mas o fato é que a maioria dos estudiosos do assunto assevera que décadas se passaram entre a crucificação de Jesus e a escrita do primeiro evangelho.  Enquanto isso, os ensinamentos de Jesus e as histórias sobre Jesus eram contados de boca, naquilo que os eruditos chamam de tradição oral. Um desses eruditos, por exemplo, concluiu sua pesquisa sobre o assunto com a seguinte consideração:

“Com efeito, não há nesse trabalho a presunção de se identificar por meio de quem as tradições de e sobre Jesus foram transmitidas até o momento em que começaram a ser vertidas por escrito por autores igualmente anônimos. Pois, mesmo que tenham se iniciado com o apóstolo Pedro, ou com familiares de Jesus de Nazaré, é crucial ter em conta as armadilhas da memória.” [2] 

O que esse pesquisador está afirmando, em outras palavras, é que mesmo que as fontes para a escrita dos evangelhos tenham sido testemunhas oculares, essas mesmas testemunhas podiam se equivocar quanto a detalhes dos acontecimentos. De fato, isso explicaria as divergências entre as três histórias que acabamos de analisar – e as demais divergências entre os evangelhos. Se a teoria estiver correta, cada um dos evangelistas teria sido influenciado por diferentes tradições orais que buscavam relatar a mesma história. Como se diz, “quem conta um conto, aumenta um ponto” (e às vezes omite ou até muda um ponto). Felizmente, como ficou demonstrado, os pontos acrescentados ou omitidos não alteraram o cerne da mensagem, que é o amor. 

Mesmo que os autores de Mateus e Lucas tenham se utilizado de Marcos como fonte para seus evangelhos, como creem os eruditos, eles podem ter alterado algumas histórias, não por má fé, mas segundo a influência de outras testemunhas que entrevistaram, ou de tradições orais que já conheciam. 

Como se não bastasse, nenhum dos quatro evangelhos foi escrito por historiadores. Sendo assim, eles não estavam buscando a exatidão histórica quando organizaram os ensinamentos de Jesus, mas sim a maneira mais apropriada para se facilitar sua memorização e meditação. Isso explicaria porque a ordem dos acontecimentos muda em cada um dos evangelhos. Quando o autor de Lucas, por exemplo, tomou conhecimento da parábola do bom samaritano (que não é contada nos outros evangelhos), o melhor lugar que ele encontrou para ela foi inseri-la no contexto do maior mandamento na Lei. 

Portanto, não devemos ler os evangelhos buscando exatidão histórica, mas revelação teológica. Quando nos apercebemos disso, os temores se dissipam, as peças se encaixam e podemos descansar na certeza de que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade.” 

Alan Capriles

* Todos os relatos bíblicos na versão Almeida Revista e Atualizada – SBB .
____________________________________

Notas:

[1] Digo que temos sorte por haver quatro evangelhos na Bíblia Sagrada porque, caso tivéssemos apenas um relato canonizado, dependeríamos da arqueologia ou de alguém encontrar por acaso os fragmentos dos demais evangelhos, tal como ocorreu em 1945, quando evangelhos “apócrifos” foram encontrados em Nag Hammadi.

[2] “Quem vos ouve, ouve a mim”: Oralidade e Memória dos Cristianismo Originários / Lair Amaro dos Santos Faria – Rio de Janeiro: Kline 2011. Pág. 128

17 outubro 2012

A INCÔMODA VERDADE DO GRANDE JULGAMENTO

E por que poucos pregam essa mensagem


Por Alan Capriles

Desconfio que a passagem conhecida como "O Grande Julgamento das Nações" seja o texto menos pregado dos púlpitos evangélicos. Não estou me referindo ao relato do Grande Trono Branco, que se encontra no livro do Apocalipse, pois esse é lembrado por muitos pregadores. Refiro-me ao texto do evangelho segundo Mateus, capítulo 25, no qual Jesus declara que "todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa os cabritos da ovelhas." (Mt 25:32)

Suponho que a razão para que esse texto não seja pregado é sua desconcertante simplicidade. Nele, a salvação se descortina de uma forma totalmente livre de doutrinas teológicas. Para Jesus, os benditos do Pai não são necessariamente os religiosos, mas aqueles que deram comida ao faminto, água ao sedento, que hospedaram o forasteiro, que vestiram aquele que estava nu, que visitaram o enfermo e também o encarcerado. Esses, que praticaram o amor ao invés de tê-lo somente em palavras, são os que, surpresos, ouvirão do Rei naquele grande dia: "Foi a mim que fizestes." (Mt 25:40) No entanto, aqueles que se esquivaram de amar o próximo, ouvirão exatamente o contrário: "A mim deixastes de fazer". E por isso estes "irão para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna." (Mt 25:46)

Como esse texto é simples! Como seu ensinamento é claro! Como sua mensagem é importante! Mas, então, por que quase não há pregações nesse texto?

Não posso dizer que nunca ouvi alguém pregar nessa passagem bíblica. Lembro-me de um pastor que tive na minha juventude que certa vez pregou com base nesse texto. Não tenho boa memória, especialmente para mensagens que foram pregadas há mais de vinte anos, mas essa me marcou profundamente - mas não por ser uma boa pregação, e sim pelo absurdo que foi dito. O pastor simplesmente "espiritualizou" o texto, dizendo que a fome não seria de comida, mas da palavra de Deus, que a sede não seria de água, mas do Espírito Santo, e assim por diante...

Aquilo foi um choque pra mim! Especialmente porque eu mesmo havia lido aquele texto publicamente, poucos dias antes, numa saída que fizera com a juventude daquela igreja. Estávamos passeando na Quinta da Boa Vista e o líder de jovens cedeu oportunidade para quem quisesse dizer alguma coisa, que podia ser um testemunho, ou a leitura de um texto. Sentindo meu jovem coração bater forte, e após já não conseguir mais resistir, levantei-me, com a bíblia aberta no texto de Mateus 25:31-46. Não me lembro bem do que eu disse após a leitura, mas recordo sentir um fogo ardendo dentro de mim. Essa era a primeira vez que eu pregava, ainda que tenha sido por poucos minutos. Duas senhoras, que passeavam pelo parque, se aproximaram para ouvir o que eu estava dizendo e me abordaram após a breve pregação. Elas sorriram e se limitaram a dizer: "Continue assim". Quando lhes perguntei de qual igreja eram, a resposta me surpreendeu: "Somos católicas, mas continue assim; não pregue religião, pregue o que Jesus ensinou." Aquilo me marcou profundamente. Talvez tenha sido a primeira vez em que percebi haver uma distinção entre o ensino do cristianismo e o ensino de Cristo.

Mas o que me trouxe tais recordações foi a recente pregação de um famoso pastor, que também procurou reinterpretar o mesmo texto. Ao invés de espiritualizá-lo, como havia feito aquele pastor anos atrás, esse famoso pregador fez o contrário: literalizou o texto ao extremo. Segundo ele, nós não estamos prestando atenção num pequeno detalhe, que seria a palavra "irmãos", que só aparece no versículo 40:

"O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes."

Esse famoso pastor, que pregou essa mensagem num prestigiado congresso, ensinou que somente aquilo que fazemos para cristãos (ou seja, irmãos) é que será recompensado por Deus. A mensagem subliminar que ele estava ensinando, ainda que ele não tenha se dado conta disso, é a seguinte: "Não se importe muito em ajudar quem não é cristão, pois Jesus não tem qualquer empatia por eles e você não receberá recompensa alguma por isso." Apesar dele não ter dito com essas palavras, a conclusão não pode ser diferente. Afinal de contas, por que outra razão ele tocaria no detalhe da palavra "irmãos"? 

Não temos o direito de julgar as intenções de qualquer homem e não é o que farei aqui. Além do mais, tenho grande estima por esse pregador e fui edificado por muitas de suas mensagens. Todavia, por mais que admiremos alguém, temos o dever de examinar seus ensinamentos, conferindo qualquer doutrina com aquilo que o próprio Jesus ensinou. Sendo assim, precisamos examinar a seguinte questão:
Estaria Jesus ensinando que só devemos ajudar os irmãos da mesma fé e que não há recompensa divina para quem ajuda incrédulos?
Não precisamos ir longe para encontrarmos a resposta. O próprio texto já nos oferece uma pista. Ainda que Jesus tenha dito a palavra "irmãos" para os que são salvos, observe que essa palavra não é repetida em sua frase de condenação: "Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer." (Mt 25:45) Ora, não aparece a palavra "irmãos" nesse trecho do que Jesus ensinou.

Sendo assim, se quisermos ser literalistas, levando ao extremo a presença da palavra "irmãos" no versículo 40 e sua ausência no versículo 45, a conclusão inevitável será esta: "Toda vez que fazemos o bem a qualquer cristão, foi a Jesus que fizemos (v.40). E toda vez que deixamos de fazer o bem a qualquer pessoa, seja cristã ou não, foi também a Jesus que deixamos de fazer (v.45)."

O problema é que o pregador não mencionou a ausência da palavra "irmãos" no versículo 45. Mas, mesmo que ele o tivesse feito, sua conclusão não estaria de todo correta. Em parte alguma dos evangelhos encontraremos Jesus dizendo que só haverá recompensa para o auxílio prestado somente a irmãos. Muito pelo contrário! Quando examinamos o que Jesus disse, nos deparamos com algo totalmente oposto a isso:
"Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa?
Porque até os pecadores amam aos que os amam.
Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa?
Até os pecadores fazem isso.
E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga;
será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo.
Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai."
(Lucas 6:32-36)
Você percebe? A recompensa só está garantida quando amamos e fazemos o bem justamente àqueles que não merecem! Por isso é que ficarão surpresos aqueles que ouvirão o Rei dizer "Foi a mim que fizestes", pois eles não esperavam por isso. Eles não esperavam que o Senhor dissesse que aqueles famintos e miseráveis também eram seus irmãos. Isso nos faz lembrar da Parábola do Filho Pródigo. O filho mais velho também precisou ser lembrado pelo pai de que aquele pecador que retornava ainda era seu irmão. Um irmão que estava morto e reviveu, que estava perdido e foi achado. Mas, ainda assim, seu irmão. Sempre seu irmão. (Lc 15:32)

Concluindo, o fato é que devemos ser misericordiosos com todos. Ainda que nossos irmãos em Cristo mereçam a prioridade, isso não deve ser confundido com exclusividade. Devemos fazer o bem a todos! (Confira Gl 6:10). Somente a prática deste amor incondicional é que nos torna genuínos filhos de Deus (Confira também Mt 5:44-48). Essa é a verdade. Uma verdade incômoda para os acomodados da religião, mas é a verdade. O resto... O resto é a complicada teologia de quem fala muito e procura argumentos bíblicos para se amar pouco.

Alan Capriles
- Texto atualizado em 05/Out/2015

12 outubro 2012

QUAL O SENTIDO DA VIDA?



Por Alan Capriles

Tanto por seus ensinamentos, quanto por seu exemplo, Jesus deixou bastante claro que a vida não consiste em "ter", mas a vida consiste em "ser". Não o "ser cheio de si mesmo", mas exatamente o contrário: devemos renunciar a nós mesmos para que sejamos cheios da presença de Deus.

Sendo assim, o sentido da vida não está no acúmulo de bens, ou na conquista de fama e poder. Nenhuma destas coisas é o foco da nossa existência. O sentido da vida consiste em sermos transformados a cada dia, trocando atitudes destrutivas (tais como egoísmo, orgulho, inveja, intolerância) pela prática de valores espirituais, divinos e eternos (tais como a solidariedade, a simplicidade, o perdão, a honestidade, o amor).

A salvação da qual Jesus falava não é outra coisa senão você ser salvo de si mesmo. Quem não deixa de ser um diabo nesta vida não deveria esperar pelo céu após a morte.

Por conseguinte, quem compreende e pratica o que Cristo ensinou (independente de religião) já passou da morte para a verdadeira vida, havendo despertado para sua real filiação divina. Quem herdará o reino celestial, senão aquele que acumula virtudes, ao invés de bens materiais, que conquista a si mesmo, ao invés de fama e poder?

Portanto, quem vive pelo ser, e não pelo ter, é um bem-aventurado que já está vivendo no céu, ainda que caminhe sobre a face da terra.

Alan Capriles