Por Alan Capriles
Estou morto. Levei quase um mês para comprovar isso, mas agora não tenho mais dúvidas: morri mesmo! Ao menos para aqueles contatos do Facebook que tanto me pediram para que eu não cancelasse minha conta, dizendo-me quanta falta eu lhes faria...
Na verdade, essa impressão funesta, que hoje é uma certeza, começou desde quando comuniquei que cancelaria meu perfil no Facebook. O comunicado ocorreu cerca de duas semanas antes de fazê-lo. Eu precisava desse tempo para divulgar aos contatos o meu email e alguns endereços que mantenho na internet. Mas isso também deu margem para que alguns comentassem sobre a minha decisão – não foram muitos, creio que apenas dois por cento dos 791 contatos que eu mantinha. Dentre esses poucos, houve cerca de meia dúzia que insistiu bastante para que eu mudasse de ideia. Mas o que achei estranho (e um pouco assustador) foi o modo como eles tratavam do assunto, dando a impressão de que eu fosse cometer um suicídio. Parecia que eu estava pra morrer de verdade! Um deles escreveu que já se despedira de mim, revendo algumas fotos dos meus álbuns. Detalhe: ele mora no bairro vizinho ao meu. Outro fez um comentário que se parecia com uma carta deixada num túmulo, como se nunca mais pudéssemos nos ver, ou entrar em contato novamente.
Comovido, decidi não ser tão radical. Cancelei meu perfil, mas mantive no Facebook somente uma de minhas páginas, a fim de divulgar meus trabalhos e pensamentos. Apesar de ser muito diferente de um perfil social, uma página também pode ter seguidores e suas publicações podem receber curtidas e comentários. O fato surpreendente é que, mesmo após eu convidar meus quase 800 contatos para curtirem minha página, menos de 200 passaram a segui-la. Ora, isso foi muito revelador: mais de 600 “amigos” parecem não dar a mínima para o que eu escrevo! Sinto que passei a conhecer mais sobre o que é o Facebook na minha saída do que durante o tempo em que nele permaneci.
Mas o melhor vem agora: desses quase 200 que curtiram – e que supostamente passaram a seguir minha nova página – menos de dez pessoas costumam comentar ou curtir minhas postagens. É um grupo seletíssimo! E não pense que estou falando daqueles poucos amigos que insistiram para que eu não cancelasse meu perfil. Acredite se quiser: nenhum dos que imploraram para que eu ficasse até hoje comentou ou curtiu coisa alguma em minha página. É isso mesmo: participação zero! Ao cancelar meu perfil no Facebook eu literalmente morri pra essas pessoas...
Confesso que fiquei triste, mas não por mim. Fiquei triste por haver pessoas que passam a nos enxergar como um ser virtual, que necessita aparecer numa tela para se comprovar vivo. Agora que estou fora desse aquário, vejo claramente que o Facebook é um tipo de Second Life, jogo no qual se assume um avatar, controlado por você, mas que não é você. O problema é que alguns assumem essa segunda vida como se fosse uma vida real, coisa que também não é. A tão condenada inversão de valores chegou a esse ponto, de se pensar que não há vida fora de uma suposta rede virtual. Mas, apesar de morto no Facebook, sinto que estou mais vivo do que nunca. Acredite, por mais incrível que hoje possa parecer: existe vida além da internet.
Estou morto. Levei quase um mês para comprovar isso, mas agora não tenho mais dúvidas: morri mesmo! Ao menos para aqueles contatos do Facebook que tanto me pediram para que eu não cancelasse minha conta, dizendo-me quanta falta eu lhes faria...
Na verdade, essa impressão funesta, que hoje é uma certeza, começou desde quando comuniquei que cancelaria meu perfil no Facebook. O comunicado ocorreu cerca de duas semanas antes de fazê-lo. Eu precisava desse tempo para divulgar aos contatos o meu email e alguns endereços que mantenho na internet. Mas isso também deu margem para que alguns comentassem sobre a minha decisão – não foram muitos, creio que apenas dois por cento dos 791 contatos que eu mantinha. Dentre esses poucos, houve cerca de meia dúzia que insistiu bastante para que eu mudasse de ideia. Mas o que achei estranho (e um pouco assustador) foi o modo como eles tratavam do assunto, dando a impressão de que eu fosse cometer um suicídio. Parecia que eu estava pra morrer de verdade! Um deles escreveu que já se despedira de mim, revendo algumas fotos dos meus álbuns. Detalhe: ele mora no bairro vizinho ao meu. Outro fez um comentário que se parecia com uma carta deixada num túmulo, como se nunca mais pudéssemos nos ver, ou entrar em contato novamente.
Comovido, decidi não ser tão radical. Cancelei meu perfil, mas mantive no Facebook somente uma de minhas páginas, a fim de divulgar meus trabalhos e pensamentos. Apesar de ser muito diferente de um perfil social, uma página também pode ter seguidores e suas publicações podem receber curtidas e comentários. O fato surpreendente é que, mesmo após eu convidar meus quase 800 contatos para curtirem minha página, menos de 200 passaram a segui-la. Ora, isso foi muito revelador: mais de 600 “amigos” parecem não dar a mínima para o que eu escrevo! Sinto que passei a conhecer mais sobre o que é o Facebook na minha saída do que durante o tempo em que nele permaneci.
Mas o melhor vem agora: desses quase 200 que curtiram – e que supostamente passaram a seguir minha nova página – menos de dez pessoas costumam comentar ou curtir minhas postagens. É um grupo seletíssimo! E não pense que estou falando daqueles poucos amigos que insistiram para que eu não cancelasse meu perfil. Acredite se quiser: nenhum dos que imploraram para que eu ficasse até hoje comentou ou curtiu coisa alguma em minha página. É isso mesmo: participação zero! Ao cancelar meu perfil no Facebook eu literalmente morri pra essas pessoas...
Confesso que fiquei triste, mas não por mim. Fiquei triste por haver pessoas que passam a nos enxergar como um ser virtual, que necessita aparecer numa tela para se comprovar vivo. Agora que estou fora desse aquário, vejo claramente que o Facebook é um tipo de Second Life, jogo no qual se assume um avatar, controlado por você, mas que não é você. O problema é que alguns assumem essa segunda vida como se fosse uma vida real, coisa que também não é. A tão condenada inversão de valores chegou a esse ponto, de se pensar que não há vida fora de uma suposta rede virtual. Mas, apesar de morto no Facebook, sinto que estou mais vivo do que nunca. Acredite, por mais incrível que hoje possa parecer: existe vida além da internet.
Alan Capriles
