29 abril 2012

ORAI PELOS QUE VOS PERSEGUEM


Por Alan Capriles

“Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?”
(Gálatas 4:16)

A perseguição é o custo por se dizer a verdade. Sempre foi assim. Como nada se pode fazer contra a verdade, muitos optam por denegrir quem disse a verdade, saindo do debate das ideias para o embate pessoal. Quando alguém age dessa forma, preferindo partir para ofensas e pré-julgamentos, geralmente é porque se esgotaram os argumentos da razão. No entanto, não nos esqueçamos de que a verdade só é ofensiva para quem decide permanecer no erro.

Tenho sofrido esse tipo de ataque nos últimos dias. Jamais imaginei que meu artigo intitulado “Jesus nunca foi evangélico” fosse causar tanto furor naquele que afirmou o contrário, ou seja, que Jesus teria sido evangélico. Mesmo apesar da consideração que tive em não citar seu nome, ou de não dar pistas sobre seu blog, e de nada eu escrever de pessoal acerca de sua pessoa (nada mesmo!) sua revolta pessoal contra mim foi despejada num artigo onde fui chamado de “briguento, violento, sem domínio próprio, beligerante, injusto e desrespeitoso”. E, adivinhem: nem uma só palavra para explicar como ele chegou a estranha conclusão de que Jesus era evangélico. Aliás, o artigo desviou desse foco, deturpando minhas palavras, dando a entender que eu havia criticado Lutero, Zwinglio e Calvino e que eu estaria condenando quem se rotula evangélico, atitude que eu jamais tomaria. Quem convive comigo sabe que sou totalmente contra discriminar pessoas, seja por sua opção religiosa, ou por qualquer outro motivo. Prova disso é que sou convidado a pregar em diversas igrejas evangélicas e tenho bom relacionamento com todos os evangélicos e católicos que conheço. Todos. Respeito a liberdade que as pessoas tem de colocar sobre si mesmas o rótulo que quiserem. Mas, dizer que Jesus era evangélico já é demais! Isso é como querer colocar um rótulo religioso no próprio Deus, razão pela qual não me calei. Jesus está muito acima de qualquer religião rotulada pelos homens.

No entanto, meu combate é sempre contra a mentira e não contra pessoas. Ao combater uma mentira que alguém tenha dito, não estou com isso chamando essa pessoa de mentirosa, mas refutando um equívoco que foi cometido, a bem da verdade. Nada além disso. Não é um ato de desamor, mas de amor! Quem ama, corrige. Ademais, minha ética não me permite citar o nome de quem tenha cometido o erro, a fim de poupar sua reputação. Foi assim que agi em “Jesus nunca foi evangélico” e é sempre essa mesma postura que adoto em todos os meus textos. Isso já ficou bem esclarecido no artigo intitulado “Prefiro acender uma luz”.

Mas é mesmo lamentável quando alguém sai do campo das ideias para o embate pessoal, pois isso é totalmente improdutivo. Não somente improdutivo, mas altamente nocivo ao reino de Deus. Para exemplificar, o jornalista que se levantou contra mim teve o trabalho de descobrir o site da igreja que pastoreio, não para se alegrar com o fato de eu publicar artigos que ele escreveu (o que comprova minha admiração por ele), mas para ridicularizar a foto em que estou abraçado com nossos irmãos em Cristo. Pergunto: O que ele conseguiu com isso? Somente uma porção de comentários me achincalhando, feito por pessoas que não tem a menor ideia de quem sou, magoando meu coração e o dos irmãos que pastoreio. E ele ainda condenou meu ministério, como se eu não fosse apto a exercer o pastorado. Que proveito isso trouxe para o reino de Deus? Teria sido proveitoso sim, se ele tivesse escrito um artigo explicando a frase na qual afirma que Jesus foi evangélico, mas, ao invés disso, preferiu colocar os evangélicos contra a mim, semeando contenda entre os irmãos, a prática mais abominável aos olhos de Deus. (Provérbios 6:16-19)

Chorei. Foi deprimente ler aquele texto, escrito não contra minha tese, mas contra a minha pessoa, numa clara demonstração de rancor e de vingança. E depois, como foi angustiante ler, ao longo da semana, tantos comentários que me apedrejavam e denegriam... Mas, a despeito de tudo isso, orei muito para não me ressentir contra qualquer um deles, a começar por quem me caluniou, pois não ignoro quem realmente está por detrás de tudo isso. Faço minhas também as palavras de Paulo, o apóstolo: “eu perdoo [...] para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.” (2 Coríntios 2:10,11 parte)

O fato é que nossa luta não é contra os ímpios e muito menos contra nossos irmãos em Cristo! (Efésios 6:11,12) Nossa luta é contra o maligno e suas mentiras; mentiras que oprimem as pessoas dentro de guetos, de rótulos e que as mantém divididas, longe da simplicidade e do amor do verdadeiro evangelho. Denegrir pessoas é sempre errar o alvo, pois o nosso real inimigo não é o homem, mas o pai da mentira, que é quem engana e escraviza o homem no pecado. (João 8:44)

Portanto, não pagarei o mal com o mal. Não me acho melhor do que ninguém. Não fortalecerei as trevas da soberba. Continuarei acendendo uma luz. Sei que só se pode vencer o mal com o bem. (Romanos 12:21) Fui apedrejado, mas minha escolha é perdoar. Fui difamado, mas minha escolha é, sinceramente, abençoar. (Rm 12:14)

Que Deus abençoe aqueles que me julgaram e condenaram sem nem sequer me conhecer. Que sejam livres do orgulho, do ódio, da vingança e do engano de todo sistema opressor. Que Deus os abençoe, em nome de Jesus. Amém.

“Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”
(2 Timóteo 3:12)
" Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem"
(Jesus Cristo - Mt 5:44)

13 abril 2012

A ESCOLHA ENTRE A VERDADE OU A TRADIÇÃO


Por Alan Capriles

Qualquer um que se aventure pela senda do conhecimento, mais cedo ou mais tarde terá que se decidir entre a verdade, ou a tradição. Lamento dizer, mas nem tudo o que aprendemos como verdade absoluta é, de fato, a completa verdade. Boa parte daquilo que aprendemos desde a infância nada mais é que um paradigma, sem muita consistência racional, mas consolidado por gerações como regra geral na sociedade.

A busca pelo conhecimento, no entanto, nos ajuda a identificar o que é verdade e o que é paradigma. Quando algum paradigma diz respeito a comportamentos sociais, ou a crenças históricas, o problema não costuma ser tão sério. Mas quando o paradigma diz repeito a assuntos religiosos, prepare-se para o martírio, pois não há nada que cause mais furor nas pessoas do que alguém questionar seu alegado relacionamento com Deus. Por mais que se comprove a verdade, muitos preferem continuar na prática daquilo que chamam de tradição. E a tradição é a continuidade daquilo que os antigos acreditavam, mas que ninguém se aventura a questionar, pois, afinal de contas, se crê nisso há tanto tempo, mas tanto tempo, que só pode ser verdade... Mas, nem sempre é verdade. Alias, quase sempre é mentira.

Jesus denunciava publicamente o erro das tradições religiosas de sua época. No chamado “sermão da montanha”, por exemplo, Jesus começa muitos ensinamentos com a frase: “Ouvistes o que foi dito aos antigos... Mas eu, porém, vos digo...” O que foi dito aos antigos era a tradição, aquele paradigma que ninguém ousava questionar. O que Jesus, porém, dizia era a verdade, a verdade que ele ousava falar. E todos nós sabemos o que os religiosos fizeram para calar Jesus.

Como se vê, dizer a verdade tem um alto custo no meio religioso, podendo custar a própria vida. Mas, na maioria das vezes, o preço por defender a verdade é ser chamado de herege, traidor, ou, no mínimo, esquisito. Não estou com isso dizendo que qualquer um que seja chamado de herege esteja com a verdade. Estou ciente que, mais do que em qualquer outra época, existem hoje muitas pessoas ensinando heresias destruidoras. Por outro lado, também existem aqueles que, por questionar alguma tradição religiosa, são taxados como hereges. E ninguém quer ser chamado de herege, pois isso significa perder amigos, familiares e, em alguns casos, a boa fama e o prestígio.

É justamente quando alguém se dá conta disso, do alto custo de se questionar uma tradição, que tal pessoa precisa escolher entre a verdade que descobriu, ou a crença equivocada de sua religião. E é lamentável que muitos eruditos prefiram a segunda opção. Tal como os intérpretes da Lei, a maioria dos eruditos da Bíblia tem a chave do reino de Deus, que é o conhecimento da verdade, mas não entram e, com isso, se tornam o maior empecilho para que os leigos sejam libertos pela verdade.

Como eu disse no início, qualquer um que se aventure pela senda do conhecimento, mais cedo ou mais tarde terá que se decidir entre a verdade, ou a tradição. Mas, perceba que, para se chegar à verdade, é preciso trilhar o longo caminho do conhecimento, caminho esse que também requer um custo, tanto financeiro, quanto mental e físico.

O custo financeiro é o dinheiro que você precisará gastar adquirindo livros, fazendo cursos, ou mesmo fazendo viagens para entrevistar pessoas, conhecer lugares e participar de eventos. Será necessário abrir mão de gastar dinheiro com vaidades, para se investir em conhecimento.  O custo mental é, obviamente, o esforço para ler livros, estudar contradições e chegar a conclusões. E o custo físico não é outro, senão abrir mão do descanso e da diversão para se dedicar a árdua tarefa de se buscar a verdade.

Mas existem algumas armadilhas na senda do conhecimento, a respeito das quais ainda pretendo escrever. Perigos tais como ficar fascinado por algum mestre, caindo no equívoco de não questionar mais nada que ele diga. Infelizmente, muitos caem nessa armadilha e ficam pelo meio do caminho, tornando-se discípulos de homens, e não discípulos da verdade.

Minha esperança, ao escrever este artigo, é que de alguma forma estas palavras o incentivem a continuar sua busca pela verdade. Você não a encontrará se permanecer sempre dentro do mesmo círculo. Você terá que abrir sua mente. Você não a encontrará a verdade se visitar somente livrarias evangélicas. Espero que você já tenha compreendido que uma coisa é ser evangélico, e outra, muito mais profunda, é ser discípulo de Cristo. Evangélicos, assim como católicos, amam suas tradições mais do que a verdade. Portanto, não tenha medo de ouvir e de ler o que outros têm a dizer, por mais que o seu meio religioso os condene como hereges. Talvez eles sejam mesmo hereges, mas talvez não. Você só poderá saber por sua própria investigação. Investigue! Talvez você descubra que alguns “hereges” são mais fiéis a Cristo que seus líderes religiosos, pois esses defendem suas complicadas tradições, enquanto aqueles defendem a simples e pura verdade... E quanto a você, qual é a sua escolha?

Alan Capriles

07 abril 2012

A SEGUNDA PARTE DE "COMO ZAQUEU"

A segunda parte da história de Zaqueu, que Régis Danese não cantou em seu famoso louvor "Faz um Milagre em Mim" (Como Zaqueu):

Como Zaqueu
Quero dar aos pobres
A metade do que eu tiver
E se eu houver
Enganado alguém
Restituo quatro vezes mais

Pergunto, com todo o respeito:
- Por que será que o Régis Danese não cantou isso?
- E será que alguém aí ainda quer mesmo ser como Zaqueu?

"Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais."
(Lucas 19:8)