28 julho 2011

A ORAÇÃO QUE NOS FAZ CRESCER


Por Alan Capriles

Nós somos aquilo que oramos. Se alguém não ora, é bastante provável que sua vida e crescimento espiritual sejam inexistentes. E se alguém ora erradamente, acaba se tornando algo que não deveria ser, pois, ainda que dê algum fruto, esse será para glorificar a si mesmo e não a Deus. Não seria essa é a raiz do problema em muitas igrejas atuais, onde os crentes já não vivem para glória de Deus? Será que nos esquecemos de como devemos orar?

Por exemplo, se alguém gastar seu tempo de oração pedindo coisas materiais, tal pessoa se tornará cada dia mais egoísta e orgulhosa. E não é verdade que há muitos crentes assim? Ao invés disso, devemos seguir o exemplo de Paulo, o apóstolo, que nada pedia de material em suas orações, as quais são reveladas em algumas de suas cartas. Certamente, ele sabia que um verdadeiro filho de Deus não seria esquecido de seu Pai.

Mas o fato é que nossas orações interferem diretamente em nosso ser. Desde que tive essa compreensão, passei a ser mais cuidadoso nos pedidos que faço ao Senhor e, principalmente, nas motivações que existem por detrás de cada pedido. Passei a considerar seriamente as orientações de Cristo quanto ao assunto, especialmente sua famosa oração, mundialmente conhecida como “Pai nosso”.

Após alguns anos de meditação e prática na oração que o Senhor nos ensinou, conclui que o “Pai nosso”, a despeito de sua popularidade, não é perfeitamente compreendido por muitos cristãos. Mesmo sendo a oração chave para vivermos segundo a vontade de Deus, católicos a repetem como uma reza, sem meditar em suas palavras, e evangélicos parecem desconsiderá-la completamente.  Mas, como um cristão pode ignorar a oração que seu próprio Senhor ensinou? Talvez, porque ainda não compreenda sua importância e poder para o amadurecimento espiritual. Ou, talvez, porque seja mesmo um falso cristão, que chama Jesus de Senhor, mas não pretende seguir os seus ensinamentos.

Antes de tudo, é preciso compreender que o “Pai nosso” não é uma reza, mas um modelo de oração. Jesus mesmo disse “vós orareis deste modo”, ou seja, segundo este modelo – tradução mais correta do texto grego. Neste modelo perfeito, o Senhor enfoca os principais assuntos que devemos considerar junto ao Pai, que são relativos ao que o próprio Jesus mais abordava em seus ensinamentos: o reino de Deus.

Sendo assim, o “Pai nosso” não é mera repetição de palavras, mas um convite a entrarmos e vivermos na verdadeira realidade, ou seja, na presença do Eterno, chamado de reino de Deus. Isso não é de se admirar, pois o reino de Deus, (ou reino dos céus, como Mateus preferiu chamar) foi sempre o tema central das pregações e dos ensinamentos do Senhor. De fato, a pregação do evangelho do reino é um apelo à ponderação (arrependei-vos!) de que já é tempo de mudarmos de atitude (o tempo está cumprido!) a fim de que passemos a viver com uma nova mentalidade, segundo aquilo que Paulo chamou de "a mente de Cristo". Justamente por isso Jesus dizia “o reino de Deus está próximo”, significando que não está distante de quem segui-lo, sendo ele mesmo, Cristo, o Caminho para o reino celestial, que já está acessível aos que nele creem.

Ah, se cada um de nós compreendesse – e vivesse - a mensagem contida na oração do Pai nosso... O mundo seria muito diferente! A começar por muitos crentes, que não seriam mais orgulhosos e materialistas. Mas, para que isso aconteça, é preciso que oremos além da letra, passando a discernir o Espírito da oração que o Senhor nos ensinou. É preciso também orar sem pressa, meditando e ouvindo a voz de Deus em seu coração. Quando isso ocorre, somos verdadeiramente transformados. Essa tem sido a minha própria experiência: uma transformação diária, para a glória de Deus.

Segue-se, portanto, minha humilde tentativa de fazer compreendida a mais bela das orações, o “Pai nosso”. Ao menos, é assim que a compreendo ao recolher-me no secreto da minh'alma: [1]

Pai de toda vida
em cuja presença
quero sempre permanecer

Santificado sejas
como Aquele que É
em cada coração

Venham todos viver
na luz do teu reino

Realizando na Terra
a vontade do teu amor celestial
:
O pão de cada dia 
não seja apenas meu
mas nosso 

O perdão que há em Ti
nos motive a também perdoar
ao nosso semelhante

E não nos deixes cair
em nosso próprio ego
mas livra-nos de toda maldade

Amém.[2]

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Notas:

[1] Alguns leitores talvez não percebam a relação que há entre a oração que escrevi e o conhecido "Pai nosso". Segue-se, portanto, uma explicação para cada estrofe:

Pai nosso / "Pai de toda vida..." - Não somente "meu" Pai. A oração que Jesus nos ensinou abraça toda humanidade e, por que não dizer, todo o ser vivente.

Que estás nos céus / "em cuja presença" - O termo "céus" no ensinamento de Cristo não diz respeito a um lugar e sim a um nível de consciência da presença de Deus, na qual podemos viver, ou não.

Santificado seja o teu nome / "Santificado sejas como Aquele que É" - O nome de Deus é impronunciável, mas o que importa é o seu significado como eterno EU SOU, a perfeita e imutável fonte e sustentação de toda vida. Somente Deus É, todos nós apenas estamos.

Venha a nós o Teu reino / "Venham todos viver na luz do teu reino" - O reino de Deus vem quando nós nos rendemos a Ele, o que significa sair das trevas do egoísmo e vir para a luz do amor de Deus. 

Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu / "Realizando na Terra a vontade do teu amor celestial" - A vontade do Pai é simplesmente esta: que nos amemos uns aos outros, no puro amor com o qual Ele nos ama. Desnecessário dizer que Jesus é a maior expressão e exemplo desse amor.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje / "O pão de cada dia não seja apenas meu mas nosso" - O próprio Jesus nos ensinou que não devemos nos preocupar com o que comer. Logo, a ênfase aqui não pode ser a preocupação com o que comer, mas certamente é a petição de que sejamos misericordiosos para com o próximo, ou seja, que não nos falte amor para repartir com os necessitados. 

Perdoa-nos assim como perdoamos / "O perdão que há em Ti nos motive a também perdoar ao nosso semelhante" - Ao buscarmos a Deus encontramos o seu perdão, mas ao deixarmos de perdoar nosso próximo nos perdemos da presença de Deus. Onde não há amor, há perdição. Ao compreendemos o amor de Deus por nós tornamo-nos capazes de amar e perdoar a quem quer que seja. "Nós amamos porque Ele nos amou primeiro".

E não nos deixes cair em tentação / "
E não nos deixes cair em nosso próprio ego" - A epístola de Tiago nos lembra que somos tentados por nossa própria cobiça. O egoísmo do ser humano se torna o seu próprio abismo e perdição.

Mas livra-nos do mal / "mas livra-nos de toda maldade" - Não somente a maldade que vem de fora, mas também aquela que pode haver dentro de nós mesmos.

[2] A frase "porque teu é o reino, o poder e a glória, agora e para sempre, amém" não aparece aqui, pois trata-se do acréscimo de algum escriba, não constando nos manuscritos mais antigos do evangelho de Mateus.

Alan Capriles

21 julho 2011

SEJA SALVO DE SI MESMO

Assim disse Jesus:

"Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno." (Mt 5:29-30)

O que o Senhor quis dizer com isso?
Ouça essa mensagem. Espero que traga despertamento e consolo para muitas vidas, essa é minha oração.



16 julho 2011

SOBRE MESTRES E GURUS

“Julgai todas as coisas, retende o que é bom”
(1 Tessalonicenses 5:21)
Por Alan Capriles

Um dos maiores benefícios da internet é a facilidade com que temos acesso à informação e ao conhecimento. Não somente podemos estar mais bem informados a respeito de qualquer assunto, como também conseguimos acesso ao pensamento de pessoas influentes, que se deixam conhecer por meio de seus sites, blogs, canais de vídeo, ou simplesmente por seus “provérbios” compartilhados no twitter. Confesso que isso é o que mais me atrai na rede, a possibilidade de conhecer personalidades com diferentes pontos de vista, sobre os mais variados assuntos, além da possibilidade de fazer amigos incríveis.

Como amante que sou das coisas de Deus, procuro navegar pelos mares da teologia, mergulhando o máximo possível na compreensão que as mais diversas pessoas têm acerca de Jesus e da boa nova do reino de Deus.

Nessa busca por conhecimento, tenho tido a felicidade de aprender com os mais diferentes discípulos de Cristo, o que tem contribuído muito para o meu crescimento espiritual. Quando estamos abertos para ouvir o que o outro tem a dizer, com a mesma disposição que o Senhor Jesus tinha para escutar o próximo, torna-se possível aprendermos até com os erros alheios, desde que não desprezemos alguém somente porque pensa diferente de nós em algum ponto.

E, de fato, temos em Jesus nosso maior exemplo. Ele dialogava com os mais diversos tipos de pessoas, sem fazer discriminação de qualquer natureza. Conversava com ricos e pobres, com judeus e samaritanos, com velhos e crianças, com fariseus e prostitutas, com escribas e analfabetos. E não lhes impedia de se expressar, pelo contrário, interessava-se até por ouvir como cada um interpretava as Escrituras (Lc 10:26). Quando os corrigia, fazia-o por amor, não com ódio, pois buscava que se salvassem das trevas da ignorância acerca de Deus e da realização de sua vontade.

Seguindo esse exemplo de Cristo, coloco-me aberto ao diálogo, mas tendo por árbitro a palavra de Deus, como fizeram os irmãos de Beréia. Desta forma, tenho crescido espiritualmente com pessoas que são, às vezes, completamente opostas entre si. Entre estas, lembro-me de alguns nomes, os quais relaciono a seguir. A lista encontra-se em ordem alfabética, a fim de que não pensem haver “guru” entre aqueles que ouço e com os quais, se possível, mantenho diálogo. São eles:

Ariovaldo Ramos, Augustus Nicodemus, Bill Hybels, Bono Vox, Brian D. McLaren, Caio Fábio, Cláudio Nunes Horácio, Ed René Kivitz, Hernandes Dias Lopes, Irmão Rubens, John MacArthur, John Piper, Mark Driscoll, Mike Murdock, Paul Washer, Paulo Brabo, Paulo Romeiro, Ray Comfort, René Burkhardt, Ricardo Gondim, Rick Warren, Russel Shedd, Silas Malafaia, Tim Conway, Tito Oscar, Walter McAlister.

Dentre os que já não estão entre nós, mas cujas vozes continuam reverberando na internet e me trazendo edificação, preciso mencionar David Wilkerson, que partiu recentemente, Leonard Ravenhill, Martyn Lloyd Jones e Roberto McAlister, que foi meu primeiro pastor.

Talvez alguns nomes da minha lista surpreendam você. Por exemplo, se sou contra a teologia da prosperidade, (e sou mesmo contra!) o que Mike Murdok e Silas Malafaia estão fazendo ao lado de John Piper e de Hernandes Dias Lopes? E o que Bono Vox e o Irmão Rubens têm a nos ensinar? Ou ainda, como posso aprender com calvinistas e arminianos ao mesmo tempo?

A resposta é muito simples. Quando temos a mente de Cristo, que não é discriminatória, podemos aprender até mesmo com pessoas completamente opostas em sua teologia ou cosmovisão. Isso porque ninguém está sempre certo que não possa se equivocar, ou completamente errado que não tenha algo a nos ensinar. Infalível mesmo, somente a palavra de Deus, a qual procuro examinar todos os dias, conferindo se as coisas são, de fato, assim como eles dizem.

De forma que essa é a minha lista. Ela engloba pessoas com as quais aprendi algo no passado, ou tenho aprendido algo no presente, pois o crescimento espiritual é um processo. Por isso, ela contém alguns nomes que já não me dizem quase nada, mas que me serviram como ponte para chegar onde estou. Tenho a expectativa de que, da mesma forma, outros me ajudem a ir ainda mais longe, ou seja, viver bem mais perto do Senhor e do próximo.

Sendo assim, minha lista não é uma relação de pessoas perfeitas, mas de imperfeitos que, como eu, podem ajudar alguém a entender uma pequena parcela do Todo; pessoas que talvez nem tenham a pretensão de ser mestres, mas com as quais tenho aprendido alguma coisa. Por isso, sou grato a cada um deles, ainda que eu não concorde com tudo que dizem.

Bem, essa é minha lista. Que tal fazer também a sua? Só espero que sua lista não seja composta por um único nome, como se a luz de Cristo não pudesse refletir-se também por outras mentes. É lamentável quando pretensos seguidores de Jesus não compreendem que Deus pode nos ensinar através de todos os cristãos e passam a fazer de alguém o seu guru, a quem obedecem cegamente.

Lamento também por aqueles que retiram determinado nome de sua lista, somente porque não aceitam seu ponto de vista, como se fosse proibido pensar diferente. E assim a lista vai ficando cada vez menor, para caber numa mente que talvez esteja estreita demais.

Mas, por outro lado, reconheço que nem todos têm o conhecimento bíblico necessário para julgar todas as coisas e reter somente o que é bom. Aliás, um novo convertido não deve mesmo se aventurar a fazer isso. Portanto, se for o seu caso e você tiver que escolher apenas um nome para ouvir, aceite meu conselho: escolha Jesus Cristo, nosso único e infalível Mestre, cujo nome está muito acima de todo nome.

A Ele, e somente a Ele, toda a glória, eternamente. Amém.

“Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos.” (Jesus Cristo - Mt 23:8)

13 julho 2011

UMA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA!




É com grande satisfação que lhes apresento o novo e revolucionário dispositivo de conhecimento bio-óptico organizado. Adquira já o seu.

Aprendendo a utilizá-lo diariamente, garanto que você não será mais o mesmo e que sua vida nunca mais será como antes!

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Agradeço ao querido amigo Marcos Vinícius, mais conhecido como Gugu, que me enviou este vídeo sensacional!

12 julho 2011

O QUE SOU EU?



NÃO SOU MEU NOME
NÃO SOU MEU ROSTO
NEM SOU A SOMA
DOS MEUS GOSTOS

SOU A ESSÊNCIA
DO MEU PRINCÍPIO
UMA PARTÍCULA
DO INFINITO.

Alan Capriles

“Em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20:24 RC)
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Amigos, prestem atenção na letra da canção que está neste vídeo. É exatamente assim que me sinto em relação a nosso Pai, e é como sinto seu infinito Amor.

Obs.: A letra da canção não é o poema que escrevi. Assista ao vídeo, que está legendado.

11 julho 2011

A FESTA DE DEUS


Fiquei profundamente comovido ao ler essa história, contada por Brian D. McLaren em seu livro chamado "A Mensagem Secreta de Jesus". Isso sim é compreender o evangelho e viver no Reino de Deus. Vale a pena conferir:
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Jesus sempre comparava o Reino a festas, celebrações e banquetes. Hoje em dia poderíamos dizer que Deus convida as pessoas para deixarem gangues violentas e participarem de uma festa; a deixarem seu vício de trabalhar de forma doentia, em uma espécie de competição insana, e se unirem a uma festa; a deixarem sua solidão e seu isolacionismo e entrarem em uma festa; a deixarem seus partidos exclusivistas (por exemplo, os políticos que ganham eleições colocando os eleitores uns contra os outros), e se juntarem a um partido inclusivo que festeja continuamente por ser de uma espécie diferente; a pararem de brigar e de reclamar, de odiar e de competir, e, em vez disso, começarem a festejar e a celebrar a bondade do amor de Deus. [...]

Meu amigo Tony Campolo conta em história real que também serve como uma excelente parábola nesse sentido. Ele se encontrava em um local que tinha um fuso horário bem diferente e não conseguia dormir. Então, bem depois da meia-noite, saiu perambulando até chegar a uma confeitaria. Algumas prostitutas locais também ali entraram no meio da madrugada, depois de suas atividades habituais. Lá ele não pôde evitar de ouvir uma conversa entre duas delas. Uma, chamada Agnes, disse à outra: “Sabe de uma coisa? Amanhã é o meu aniversário. Vou fazer 39 anos.” Sua amiga respondeu rispidamente: “E o que você espera de mim? Uma festa de aniversário? É isso? Quer que eu arrume um bolo e cante parabéns prá você?” Agnes respondeu: “Ah, pára com isso, por que tem que ser assim tão má? Por que tem que me botar pra baixo? Só estou dizendo que é meu aniversário. Não quero nada de você. Quer dizer, por que eu teria uma festa de aniversário? Nunca tive uma em toda a minha vida. Por que uma logo agora?”

Quando saíram, Tony teve uma idéia. Perguntou ao proprietário da confeitaria se Agnes ia lá todas as noites, e, quando ele disse que sim, convidou-o a participar de uma conspiração para organizar uma festa surpresa. Até a esposa do proprietário se envolveu. Juntos, arrumaram um bolo, velas de aniversário e decoração para que festejassem com Agnes, que para Tony não passava de uma completa estranha. Na noite seguinte, quando ela entrou, todos gritarem: “Surpresa! Surpresa!” – e Agnes não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Os fregueses da confeitaria cantaram e ela começou a chorar tanto que mal conseguiu soprar as velinhas. Quando chegou a hora de cortar o bolo, Agnes perguntou se não se importariam de não cortá-lo para que pudesse levá-lo para casa – apenas para poder saborear aquele momento mágico por mais alguns instantes. Em seguida, ela saiu carregando seu bolo como se fosse um tesouro.

Tony conduziu os convidados em um momento de oração por Agnes e o proprietário da loja disse que não fazia a menor idéia de que Tony fosse um pregador. E então perguntou a Tony de que tipo de igreja ele era. Tony respondeu que era uma igreja em que se dão festas de aniversário para prostitutas às 3:30 horas da madrugada. O homem não podia acreditar. “Não, isso não é possível. Não existe uma igreja assim. Se existisse, eu me juntaria a ela. É, com certeza eu faria parte de uma igreja desse tipo.”

Infelizmente, existem muito poucas igrejas como essa; no entanto, se mais de nós compreenderem a mensagem secreta de Jesus, esse número crescerá intensamente.

Brian D. McLaren

09 julho 2011

ISSO NÃO É PREGAR O EVANGELHO


Por Alan Capriles

Circula um vídeo na internet no qual pregadores são detidos pela polícia por estarem pregando contra a prática homossexual. Particularmente, sou totalmente a favor da liberdade de expressão, motivo pelo qual discordo da atitude daqueles policiais. No entanto, não é por isso que escrevo estas linhas, mas por achar equivocado e perigoso o argumento usado por um dos pregadores detidos. Sua alegação para não ser preso era a de que eles estavam somente "pregando o evangelho". Mas, será que estavam mesmo?

O que é pregar o evangelho? Será que dizer qualquer coisa a respeito de Jesus, ou ler qualquer trecho da Bíblia é realmente estar pregando o evangelho?

Pra começar, a maioria dos pregadores atuais não sabe nem sequer definir o que é o evangelho de Cristo, muito menos pregá-lo! Esse é um problema seríssimo, com graves consequências espirituais. Confundem evangelho com promessas de milagres, sucesso, riquezas, ou, como se vê neste vídeo, com ataques contra os pecadores.

Além disso, muitos pregadores utilizam-se publicamente de textos bíblicos que não serão compreendidos por todos os ouvintes (1Co 2:14). É o caso do vídeo que mencionei. Apesar do áudio da filmagem estar péssimo, é possível identificar a leitura da carta aos Romanos, exatamente no trecho em que Paulo menciona e condena a prática homossexual (Rm 1:26-32). Mas, apesar de Paulo ter escrito mesmo isso, duas coisas precisam ser lembradas. Primeiro, que ele estava escrevendo dentro de um contexto, tratando-se de uma carta para irmãos em Cristo, que tinham o discernimento espiritual para compreender seus argumentos. E, segundo, que Paulo, o apóstolo, não pregava desta maneira, apesar de assim escrever.

Como se sabe, o homossexualismo não é algo que só aconteça atualmente. Dados históricos revelam que a prática homossexual era ainda mais comum nos dias de Paulo de Tarso do que nos nossos. No entanto, em nenhuma de suas pregações públicas ele ataca os homossexuais. Aliás, nenhuma das pregações do evangelho reveladas no livro de Atos contém qualquer tipo de ataque contra alguma prática pecaminosa específica. Se alguém duvidar, basta que se confira nas seguintes referências: Atos 2:14-41; 3:12-26; 4:8-12; 5:29-32; 10:34-43; 13:16-41; 17:22-31.

Isso acontece por uma simples razão: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus." (Rm 3:23,24)

Ora, se qualquer pecado nos afasta da glória de Deus, os que praticam o homossexualismo são tão pecadores quanto os adúlteros, ou fornicadores, por exemplo. E práticas sexuais ilícitas são também tão graves quanto qualquer outro pecado, tais como a ganância, o ódio, ou a hipocrisia - males tão comuns entre tantos religiosos.

Portanto, é um equívoco atacar determinada prática pecaminosa, como se não fôssemos todos pecadores, cuja única esperança está em Jesus Cristo, o justo e justificador de todos os que nele crêem. Atacar aos homossexuais não é pregar o evangelho, mas promover uma discórdia totalmente improdutiva. Essa discurso agressivo tem erguido muralhas, ao invés de pontes, muralhas que impedem os homossexuais de enxergar o quanto Deus os amou, a ponto de dar-nos seu único Filho, Jesus Cristo, o qual é poderoso para nos libertar de qualquer prática pecaminosa e nos transformar em verdadeiros filhos de Deus, que vivam para sua glória e eternamente.
Alan Capriles

A VIA DOLOROSA DO PERDÃO


Problemas para perdoar? Ouça esta mensagem.

08 julho 2011

O MARCO ZERO DA MINHA VIDA

Por Alan Capriles

A Praça da Sé é o marco zero da cidade de São Paulo, minha cidade natal, mas tornou-se também o marco zero da minha vida. Foi onde, no início da década de 90, passei por uma experiência que mudaria para sempre o rumo da minha vida. 

Suponho que deva difícil para muitos leitores acreditar no que direi agora, mas cerca de um ano antes, 1989, eu já passara pela forte experiência de ouvir (literalmente falando) Deus me chamar pelo meu nome, confirmando minha chamada para ser pregador do evangelho. Isso aconteceu no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, como resposta a uma oração secreta que eu havia feito, razão pela qual posso afirmar ter sido a voz de Deus. Apavorado, pedi demissão de meu emprego e mudei para São Paulo, com a desculpa de que precisava dividir um apartamento com um amigo que havia sido aprovado na USP, mas que não tinha condições de pagar sozinho o aluguel. Fomos morar no bairro do Brás, num minúsculo apartamento, eu e mais dois amigos, que (acredite se quiser) se chamavam Cefas e Paulo de Tarso. Apesar dos nomes bíblicos, eles não compartilhavam da mesma fé e não demorou muito para que eu deixasse completamente de frequentar a igreja. Aliás, era isso mesmo que eu queria: fugir e esconder-me de Deus.

Apesar de ter conseguido um emprego logo na primeira semana em que cheguei a São Paulo, seis meses depois eu já estava desempregado, sem dinheiro e sozinho. Sozinho porque era o período de férias e meus amigos haviam viajado, um para Taubaté e o outro para mais distante, Natal, no Rio Grande do Norte.  

Eles passeavam, mas eu estava sozinho e faminto naquele inverno de 1990. Lembro-me do dia em que abri a despensa e não havia nada além de uma lata com um resto de farinha láctea. Na geladeira, um pote de doce-de-leite com ameixa e uma garrafa de água. Nesse dia sombrio, foram as únicas coisas que comi e bebi, pela manhã, a tarde e a noite. 

No dia seguinte, tive a ideia de vender alguns de meus livros para os sebos que existem próximos à Praça da Sé, a fim de conseguir dinheiro para comprar o que comer. E assim foi feito. Lembro-me de ter vendido um excelente livro em capa-dura por uma quantia irrisória, que mal dava para comprar um prato feito. Mas, faminto como eu estava, de que me serviria aquele livro? 

Após alimentar-me, decidi caminhar pela enorme Praça da Sé. Talvez não haja no Brasil nenhum outro lugar semelhante a esse, onde pessoas de todas as partes do país (e da América Latina) tentam ganhar a vida com sua arte: malabaristas, piadistas, mágicos, músicos, repentistas - tem de tudo que se possa imaginar. E, é claro, há muita pilantragem também. O fato é que são várias as distrações na Praça da Sé para quem deseja somente passar o tempo. Bem, naquela época era assim, não sei como está hoje.

Como eu não tinha mais o que fazer, aproximei-me de um aglomerado de pessoas, que formavam um círculo ao redor de alguém. Imaginei que devesse ser uma boa apresentação artística e fui juntar-me ao grupo de curiosos. Mas tratava-se de um pregador, um autêntico pregador do evangelho. Como eu já não ouvia uma pregação há mais de seis meses, decidi permanecer um pouco, tentando chegar o mais perto possível para ver se conseguia ouvir alguma coisa.

Não sei precisar exatamente quanto tempo se passou, mas tenho certeza de que não foi muito. Algo entre dois e cinco minutos. Repentinamente o pregador interrompe sua mensagem e declara, olhando ao redor: "Eis que o Senhor me revela que acaba de chegar entre nós um jovem a quem ele chamou pelo nome, mas que tem fugido de sua presença." Gelei. Ninguém em São Paulo sabia daquilo, nem sequer meus amigos. Eu também não havia estado em nenhuma igreja daquela cidade, muito menos queria conversa com crentes. Mas o pregador insistia: "O Senhor te chamou pelo nome, mas você tem resistido. Jovem, dura coisa é recalcitrar contra os aguilhões" - dizia ele, fazendo referência à conversão de Saulo. [1]

Em seguida, lembro-me de ser amparado por dois crentes, pois.eu já chorava copiosamente, sem forças para continuar de pé. Lá estava eu, ajoelhado naquele chão encardido, por onde passa todo o Brasil, rendido ao fato de que não é possível esconder-se da presença de Deus. Lá estava eu, no marco zero de minha cidade natal, de volta ao propósito da minha existência. Lá estava eu, prostrado, não perante os homens, mas perante o Cristo, que um dia me chamou pelo nome, sem eu nada merecer.

Desde então, muitas experiências com Deus tem marcado minha vida.[2] São tantas as histórias, que as estou reunindo em livro. Mas, de todas, nada se compara a este momento na Praça da Sé, onde tive a plena certeza de minha missão e de que o Senhor não havia desistido de mim, apesar de meus temores e pecados. Sem dúvida, aquele foi o reinício de tudo, o meu voltar ao começo, o marco zero da minha vida.

Alan Capriles
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Notas
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[1] Passagem bíblica do Novo Testamento, na qual Paulo de Tarso relata como foi comissionado pelo Senhor para o apostolado. (Atos 26:14)

[2] Relato algumas dessas histórias na mensagem "Experiências com Deus", a qual você poderá ouvir agora mesmo, clicando aqui. 

07 julho 2011

UMA MÚSICA QUE ME FEZ REFLETIR


Por Alan Capriles

Passei toda a manhã de hoje entre jovens e adolescentes de uma escola estadual em Alcântara. Eu atendia ao convite para participar do corpo de jurados de um projeto chamado "Meio Ambiente - Coleta Seletiva". Além dos estandes, que estavam muito bem preparados, o evento contou com a apresentação de cada turma sobre um palco, no qual o objetivo era conscientizar, de forma criativa, acerca do seríssimo problema da poluição no meio ambiente. 

Apesar de quase todas as apresentações terem sido bem sucedidas, houve uma que quase me fez chorar. Os alunos de toda uma turma subiram ao palco, sentando-se ao redor de um jovem que empunhava um violão, e juntos começaram a cantar um antigo sucesso nacional, que eu nem sequer lembrava mais que existia: O Sal da Terra, de Beto Guedes.

Não foi somente pela letra desta canção, que desperta o senso ecológico, mas principalmente pela sinceridade e unidade que vi naqueles jovens alunos ao cantá-la. Na verdade, estou lutando para encontrar palavras que descrevam o que senti naquele momento, mas não consigo. Talvez tenha sido algo como um misto de nostalgia e esperança, de sonho e realidade.

Nosso planeta passa por um momento crítico, no qual toda a humanidade precisa se unir em defesa do meio ambiente. E sei que a minha geração falhou nisso. Apesar desta música ter sido composta quando eu tinha somente onze anos de idade, eis que já se passaram três décadas e nenhum esforço real para se conter uma tragédia que é quase iminente. 

E então me deparo com estes jovens, cantando com tanta seriedade uma letra para a qual eu nunca havia dado a menor importância. Apesar de ter feito relativo sucesso naquela época, talvez ninguém a tenha cantado naqueles dias com a consciência que vi nos olhos destes jovens alunos. Havia mais do que esperança em cada olhar, havia vontade.

O sal da terra... Será que nós, cristãos, temos entendido corretamente o que Jesus quis dizer com isso? Ou nos escondemos entre quatro paredes, torcendo para que o mundo acabe logo de uma vez, e os "ímpios" queimem para sempre e nós, os "santos" vivamos felizes no céu?

Sei muito pouco sobre Beto Guedes, mas me parece que ele entendeu melhor do que nós esta parte do sermão da montanha.
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Dedicado aos professores e alunos da Escola Estadual Desembargador Ferreira Pinto, em Alcântara, São Gonçalo.

04 julho 2011

ALÍVIO E DESCANSO EM JESUS (VÍDEO)



Uma mensagem para os que estão cansados de carregar o pesado e opressor jugo da religiosidade. E são tantos! Ouça o convite de Jesus para o seu reino de justiça, paz e alegria, um reino que não pertence a uma denominação ou movimento religioso, mas para o qual você está convidado a participar agora mesmo.
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Este vídeo contém apenas os principais trechos desta mensagem. Para ouvi-la na íntegra: