COMO O PASTOR DESTRÓI A SI MESMO

Por Frank Viola

O moderno pastor prejudica não apenas o povo de Deus, ele prejudica a si mesmo. A posição de pastor, de uma forma ou de outra, atrofia os que assumem essa função. As freqüentes depressões, vazio, estresse, e o desequilíbrio emocional são terrivelmente constantes entre os pastores. Nesse momento há mais de 500 mil pastores servindo nas igrejas nos Estados Unidos. [1] Deste grande número, considere a seguinte estatística que revela o perigo mortal da posição de pastor:

  • 94 % sentem-se pressionados a ter uma família ideal.
  • 90 % trabalham mais de 46 horas por semana.
  • 81 % reportam uma insuficiência de tempo com seu cônjuge.
  • 80 % crêem que o ministério pastoral prejudica a família.
  • 70 % não têm o que se considera um amigo íntimo.
  • 70 % têm menos auto-estima agora do que tinham quando entraram no ministério.
  • 50 % sentem-se incapazes de cumprir as necessidades de sua posição.
  • 80 % estão desanimados ou tratando de uma depressão.
  • 40 % reportam sofrer pela timidez, horários frenéticos e falsas expectativas.
  • 33 % consideram o ministério pastoral um perigo para a família.
  • 33 % consideraram renunciar suas posições durante o último ano.
  • 40 % das renúncias pastorais devem-se ao vácuo (a chama se apagou).

Espera-se que a maioria dos pastores exerça 16 tarefas simultâneas. E a maioria acaba pulverizada pelas pressões. Por esta razão, mensalmente, 1.600 ministros entre todas as denominações nos Estados Unidos são demitidos ou são forçados a renunciar. Durante os últimos 20 anos a média do pastoreado reduziu de sete para pouco mais de dois anos!

Lamentavelmente, poucos pastores se dão conta de que é a posição de pastor que causa esta turbulência subjacente. Naturalmente, Jesus Cristo nunca desejou que alguma pessoa desempenhasse a variedade de coisas que se requer do pastor! Ele nunca desejou que alguém carregasse uma carga tão pesada.

As demandas do pastorado são terríveis. Tanto que leva qualquer mortal ao esgotamento. Imagine-se por um momento trabalhando em uma companhia que lhe paga para manter seus colegas de trabalho animados. Que você faria se seu pagamento dependesse do teu grau de ocupação e amistosidade, da popularidade de sua esposa e filhos, da qualidade de suas roupas, e da perfeição de seu comportamento?

Dá para imaginar o completo estresse que isso lhe causaria? Dá para ver o papel que seria obrigado a exercer, da presunção a arrogância — tudo para poder manter seu poder, prestígio e segurança no trabalho? (Por esta razão, a maioria dos pastores é insensível quanto a receber qualquer tipo de ajuda).

A profissão de pastor dita padrões de conduta como qualquer outra profissão como professor, médico ou advogado. A profissão dita como o pastor deve vestir-se, falar e atuar. Esta é uma das principais razões pela qual tantos pastores vivem vidas tão artificiais.

Nesse aspecto, o rol pastoral fomenta a desonestidade. A congregação espera que seu pastor esteja sempre alegre, disponível a todo o momento, nunca ressentido, nunca amargurado, espera que ele tenha uma família perfeitamente disciplinada, e que seja completamente espiritual a todo o momento. Os pastores exercem este papel como atores de um drama grego. Isto explica a voz afetada da maioria dos pastores em suas pregações e orações. Isto explica a maneira piedosa de cumprimentar, a maneira peculiar com que dizem “o Senhor” e a maneira especial como se vestem.[2]

Todas estas coisas são em grande parte fumaça e luar — totalmente desprovidas de realidade espiritual. A maioria dos pastores não pode permanecer nesse ofício sem ser corrompido em algum nível. O endêmico poder político do ofício é um problema enorme que isola muitos deles e envenena a relação deles uns com os outros.

Em um inquietante artigo para pastores intitulado Prevenindo a Cauterização do Clero, o autor sugere algo assustador. O conselho dele para os pastores nos dá uma visão clara do poder político que ronda o pastorado. Ele implora aos pastores: “Exerça uma posição de companheirismo com o clero de outras denominações. Estas pessoas não podem prejudicá-lo eclesiasticamente, porque eles não pertencem ao seu círculo oficial. Não há nenhum tapete político que eles possam puxar para derrubá-lo”.

A solidão profissional é outro vírus que contamina fortemente os pastores. A praga da ilha solitária leva alguns pastores a buscar outras carreiras. Outros encontram destino mais cruel.

Todas estas patologias encontram sua raiz na história do pastorado. É “solitário o cume” porque Deus nunca quis que ninguém fosse para o cume — exceto Seu Filho! Com efeito, o pastor moderno coloca sobre seus ombros as 58 exortações do Novo Testamento que deveriam ser mutuamente compartilhadas pelos crentes. Não é de admirar que a maioria dos pastores sofre esmagada pelo peso.
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Fonte:
Trecho do livro "Cristianismo Pagão - A Origem das Práticas de Nossa Igreja Moderna" (Frank Viola)

As notas deixadas pelo autor são muito mais extensas do que as que seguem abaixo. Estas foram selecionadas por eu considerá-las mais necessárias à compreensão do texto.

[1] Este número foi extraído do Barna Research Group (East Hillsborough Christian Voice, February 2002, p. 3). Metade destas igrejas tem menos de 100 membros ativos (“Flocks in Need of Shepherds”, The Washington Times, July 2, 2001).

[2] Sei que nem todos os pastores caem nesta armadilha. Mas os poucos que podem resistir esta incrível pressão são exoticamente raros. Eles constituem dramáticas exceções a uma norma bem trágica.

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