VOCÊ CONHECE A DEUS?

MEU COMENTÁRIO SOBRE UM VÍDEO ATEÍSTA



Por Alan Capriles

O vídeo em questão apenas reforça o que tenho afirmado: são as religiões que fomentam o ateísmo. Longe de ser uma prova da inexistência de Deus, o vídeo faz uma inteligente crítica às religiões criadas pelo homem - o que também inclui o cristianismo. Aliás, por falar em Cristo, vale ressaltar que, segundo os evangelhos, Jesus nunca orientou seus discípulos a tornarem-se católicos, protestantes, mórmons, adventistas, ou qualquer outro segmento que se diga cristão. De fato, Jesus nem parecia querer que seus seguidores se identificassem por um rótulo, como o de cristãos! [1] Uma análise mais profunda dos evangelhos ainda revela que Cristo não buscava iniciar uma nova religião, mas despertar as pessoas para o fato de que somos todos irmãos, filhos de um só Deus, cuja essência é o amor - sendo esse amor o caminho de retorno para o próprio Deus. [2]

O ensinamento de Cristo para toda a humanidade resume-se nisso: "Faça ao teu próximo o que você gostaria que ele fizesse a você." Em termos práticos: arrependa-se de toda prática do mal, perdoe o seu próximo e passe a lhe fazer o bem - isso é andar em amor e isso é ser salvo! Como concluiu Tiago em sua epístola: "a misericórdia triunfa sobre o juízo". [3]

Uma mensagem tão simples como essa, que Jesus pregava e vivia, certamente incomodava os religiosos de sua época, que complicavam o caminho da salvação com dogmas que nem eles mesmos conseguiam compreender e seguir. Seria cômico, se não fosse trágico, que o mesmo ainda ocorra hoje com aqueles que se dizem cristãos - os quais continuam complicando tudo e não aceitam a simples mensagem de que no amor há salvação, pois Deus é amor. Caso Jesus aparecesse novamente hoje, apregoando essa mesma mensagem, estou convencido de que muitos cristãos o expulsariam de seus templos, chamando-o de louco, condenando-o como herege - ou até mesmo rotulando-o como... ateu. [4]
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NOTAS
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[1] O termo cristão começou a ser usado de forma pejorativa, para ridicularizar os primeiros seguidores de Cristo. No entanto, por orientação dos apóstolos, isso tornou-se uma honra para os discípulos (1Pe 4:16) os quais,  nas gerações seguintes, vieram a criar os dogmas de uma nova religião: o cristianismo. Mas nada indica que Jesus tenha desejado criar uma nova religião, ou atacar as que já existiam. O relato dos evangelhos revelam que ele se mostrava neutro em relação a esse assunto. E a razão é simples: a evidência da salvação não está naquilo em que acreditamos (cada um acredita numa coisa) mas está naquilo que somos. Aquilo em que acreditamos pode nos influenciar a sermos pessoas melhores, ou piores, mas não são as crenças, em si mesmas, que nos salvam. Aliás, a salvação nem é algo que se dê somente após a morte, mas um estado de espírito que começamos a experimentar aqui e agora. Por isso Jesus dizia que o reino de Deus já havia chegado e que estava entre nós, ou em nós.

[2] Explico melhor isso em minha tese intitulada "A Salvação Segundo Jesus Cristo"

[3] "A misericórdia triunfa sobre o juízo" (Tiago 2:13) é somente um dos muitos versículos que claramente confirmam que a prática do amor (ágape) como evidência de que alguém está trilhando o caminho da salvação - algo que não deve ser confundido com "salvação pelas obras". Outros dois versículos incontestáveis são estes: "Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados" (Lucas 6:37) e "Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele." (1João 4:16) A salvação não é apenas um destino onde se chega, mas sobretudo um caminho por onde se vai - e esse caminho é o amor, razão pela qual a misericórdia triunfa sobre o juízo.

[4] Sim, Jesus poderia ser chamado de ateu! Não é por acaso que os primeiros seguidores de Cristo foram acusados de ateísmo. Isso não se devia somente ao fato de que esses discípulos não adorassem imagens, pois os judeus também não as adoravam e, no entanto, não eram assim perseguidos. Os primeiros discípulos eram acusados de ateísmo porque, de fato, eles não defendiam nenhuma religião! Suas reuniões eram somente uma celebração da vida, onde eles se edificavam uns aos outros trocando suas experiências, relembrando o que Cristo os ensinou e onde comiam e bebiam em sua memória - adorando, não ao Nazareno, mas ao Logos que nele se manifestara. Eles não tinham templos, nem rituais, nem dogmas, mas apenas os ensinamentos de Cristo, que os faziam viver em simplicidade e amor. E, justamente por viverem em amor, eles também não condenavam  aqueles que frequentavam templos, ou seguiam rituais, ou dogmas, mas os orientavam a que se arrependessem do mal e se perdoassem mutuamente. Por isso, contavam com a simpatia do povo, que a cada dia convertia-se a essa forma de viver, abandonando seus falsos deuses e suas crenças vãs. (Atos 2:47)

Alan Capriles

Comentários

Unknown disse…
Muito boa a dissertação sobre o assunto.